ATA DA SEPTUAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 22-9-2005.

 

 


Aos vinte e dois dias do mês de setembro do ano de dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, José Ismael Heinen, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Bernardino Vendruscolo, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino Besson, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Manuela d'Ávila, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Paulo Odone, Professor Garcia, Raul Carrion, Sebastião Melo e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados, pelo Vereador Carlos Comassetto, os Pedidos de Providências nos 2218 e 2219/05 (Processos nos 5551 e 5552/05, respectivamente); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Providências nº 2209/05 (Processo nº 5518/05); pelo Vereador Mario Fraga, os Projetos de Resolução nos 127 e 128/05 (Processos nos 5538 e 5541/05, respectivamente); pelo Vereador Professor Garcia, os Pedidos de Providências nos 2053, 2070, 2078, 2080, 2081, 2082, 2083, 2084, 2085, 2086, 2087, 2088, 2089, 2090, 2091, 2092, 2093, 2094 e 2156/05 (Processos nos 5241, 5261, 5269, 5271, 5272, 5273, 5274, 5275, 5276, 5277, 5278, 5279, 5280, 5281, 5282, 5283, 5284, 5285 e 5361/05, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 261/05 (Processo nº 5555/05); pelo Vereador Sebastião Melo, o Projeto de Resolução nº 131/05 (Processo nº 5580/05); pela Vereadora Sofia Cavedon, o Projeto de Resolução nº 132/05 (Processo nº 5581/05) e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 040/05 (Processo nº 5582/05). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 10555853 e 10555854/05, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Mauri José Vieira Cruz, Diretor-Executivo do Instituto da Mobilidade Sustentável – RUAVIVA, que mencionou que o Movimento Gaúcho pelo Trânsito Seguro apóia a Jornada Internacional “Na Cidade sem meu Carro”, afirmando que esse evento tem por principal objetivo propiciar à comunidade um dia de reflexão acerca desse tema. Ainda, alertou que é temerária tanta dependência das pessoas no uso de veículos automotores, citando como riscos a violência no trânsito, a poluição ambiental e a inversão da destinação dos espaços públicos. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Raul Carrion, João Antonio Dib, Maurício Dziedricki, Ervino Besson, José Ismael Heinen e Adeli Sell manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Salésio Dagostin, Presidente do Sindicato dos Contadores do Rio Grande do Sul – SINDICONTA; Pedro Gabriel Kenne da Silva, Contador-Geral do Estado, representando o Conselho Regional de Contabilidade; Carlos Alexandre Randazzo, Presidente do Sindicato dos Contabilistas de Porto Alegre; e Sérgio Laurimar Fioravanti, Presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – 6ª Seção Regional, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para solenidade em homenagem ao transcurso do Dia do Contador. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Senhores Jader Cavalheiro, Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul; Luiz Eurico Boeira e Irmberto Rodolfo Haag, ex-Presidentes do SINDICONTA; Osvaldo Tadeu Ribar, Assessor Financeiro da Câmara Municipal de Porto Alegre, e das Senhoras Soeli Rinaldi, Diretora Social do SINDICONTA; Viviane Docena, Técnica em Contabilidade; e Marta Prates de Oliveira, Chefe da Seção de Contabilidade e Finanças da Câmara Municipal de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador João Carlos Nedel, que, em nome da Casa, saudou os representantes do SINDICONTA e parabenizou esse Sindicato pelo transcurso de seu décimo sétimo aniversário. Ainda, discorreu acerca da importância do trabalho exercido pelos Contadores na sociedade atual, justificando que esse profissional é indispensável nas diversas etapas da gestão empresarial e que sua valorização, especialmente na administração pública, contribui para o desenvolvimento do Brasil. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor José Rojas e da Senhora Marilene Rollo, respectivamente Contador-Geral e Auditora-Geral do Município. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Salésio Dagostin, que destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao Dia do Contador. Às quatorze horas e cinqüenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e três minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Ibsen Pinheiro pronunciou-se a respeito das críticas que o Ministro Nélson Jobim, Presidente do Supremo Tribunal Federal, vem sofrendo em decorrência da decisão que tomou ao atender pedido de habeas corpus impetrado por Deputados Federais em processo disciplinar de perda de mandato. Nesse sentido, alegou que o recurso abarcado é perfeitamente cabível e que o Ministro Nélson Jobim é um Magistrado imparcial, culto e sereno. A Vereadora Neuza Canabarro, mencionando sua participação no Programa Polêmica, da Rádio Gaúcha, onde foi debatido o tema do preconceito, analisou problemas existentes nesse aspecto, que persistem na sociedade brasileira, especialmente contra os negros e os portadores de deficiência. Sobre o tema, afirmou que quem forja o preconceito são os adultos, e não as crianças, e que cabe aos educadores, de uma maneira geral, mudar essa situação. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos, da Professora Rosemar Haas e da Supervisora Luciana Martins, da Escola de Ensino Médio São Luiz, presentes a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial desta Casa. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell registrou o transcurso, no dia vinte e sete de setembro, do Dia Mundial do Turismo, afirmando que nos últimos anos Porto Alegre aumentou as opções culturais disponíveis a turistas que visitam a Cidade. Em relação ao tema, ressaltou a capacidade de Porto Alegre sediar eventos de grande porte e apresentou sugestões que podem ser implementadas pelo Governo Municipal para incrementar o turismo, como a exploração do Lago Guaíba e de sua orla. O Vereador Elias Vidal discorreu sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 140/05, de sua autoria, que veda a realização de concursos públicos no Município de Porto Alegre, das dezessete horas de sexta-feira às vinte horas e trinta minutos de sábado. Em relação ao assunto, defendeu o direito de as pessoas destinarem o sábado a missões espirituais, argumentando que esse costume é tradicionalmente adotado por seguidores de diversas religiões. O Vereador Elias Vidal, em tempo cedido pelo Vereador Dr. Goulart, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, procedeu à leitura de passagens bíblicas que fazem referência à guarda do sábado como dia sagrado. Nesse sentido, reiterou que as pessoas devem ter a liberdade de exercer suas crenças sem ser prejudicadas por isso, pregando que a realização de concursos públicos, assim como atividades escolares e profissionais, deve considerar esse aspecto religioso. O Vereador Aldacir Oliboni manifestou-se sobre a significância do Sistema Único de Saúde – SUS, lembrando que ele foi criado há quinze anos, em decorrência de um processo de mobilização e participação de toda a sociedade brasileira. Ainda, avaliou como positivos os serviços prestados pelo SUS, alegando que ele promove a inclusão social, mas que ainda são necessários avanços, a fim de que toda a população brasileira possa ser atendida de maneira eficiente. O Vereador Bernardino Vendruscolo externou sua posição relativamente ao Projeto de Lei apresentado pelo Vereador Elias Vidal, em tramitação nesta Casa, que trata da restrição à realização de concursos públicos aos sábados no Município, por questões religiosas. Nesse contexto, indagou acerca da viabilidade prática dessa proposição, uma vez que, segundo Sua Excelência, o Legislativo não é lugar adequado para que se disciplinem assuntos de ordem religiosa. O Vereador João Antonio Dib teceu considerações acerca da ordem dos Projetos que deveriam ser priorizados para deliberação neste Plenário, questionando a necessidade de aplicação do artigo 81 do Regimento para o Projeto do Executivo que trata das Parcerias Público Privadas. Sobre o tema, opinou que há excesso de discussão em relação a proposições de importância secundária e que os Projetos de maior interesse para o Município muitas vezes não são devidamente analisados. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Mario Fraga discorreu acerca de problemas de segurança pública constatados no Extremo Sul de Porto Alegre, mostrando-se preocupado com os assaltos que têm ocorrido em propriedades rurais e comerciais daquela região. Nesse contexto, alertou para a redução do efetivo da Brigada Militar nos últimos anos e aprovou a formatura de novos policiais, prevista até dezembro, propondo que uma parcela desses agentes seja destinada à Zona Sul. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 241/01, discutido pela Vereadora Sofia Cavedon e pelos Vereadores João Antonio Dib e Dr. Goulart, e 138/05, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Resolução nº 125/05, discutido pelos Vereadores Maria Celeste, João Antonio Dib e Maristela Maffei. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e a Vereadora Sofia Cavedon formulou Requerimento verbal, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão. Às dezesseis horas e trinta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e seis minutos, constatada a existência de quórum. Em prosseguimento, a Vereadora Sofia Cavedon formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Também, em face de Questão de Ordem formulada pela Vereadora Clênia Maranhão, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da votação de Requerimentos solicitando alteração na apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Após, a Vereadora Clênia Maranhão formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi rejeitado Requerimento verbal de autoria da Vereadora Sofia Cavedon, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, por doze votos SIM e dezessete votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Professor Garcia, João Antonio Dib, Carlos Comassetto, Raul Carrion, Elói Guimarães, Sofia Cavedon, Sebastião Melo, Ervino Besson e Claudio Sebenelo, em votação nominal solicitada pelo Vereador Haroldo de Souza, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, João Antonio Dib, Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Professor Garcia, Raul Carrion e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Maurício Dziedricki, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Na ocasião, em face de face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores Haroldo de Souza, Nereu D'Avila, Sebastião Melo e pela Vereadora Sofia Cavedon, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do processo adotado para apreciação de Requerimentos verbais formulados com o objetivo alterar a ordem de votação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi aprovado Requerimento verbal de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, por dezoito votos SIM e dez votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Antonio Dib, Paulo Odone, Adeli Sell, Professor Garcia, Haroldo de Souza e Raul Carrion, em votação nominal solicitada pelo Vereador Haroldo de Souza, tendo votado Sim os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Sebastião Melo e Valdir Caetano e Não os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, João Antonio Dib, Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e Sofia Cavedon. Após, foram apregoadas as seguintes Emendas e Subemendas apostas ao Projeto de Lei do Executivo n° 010/05 (Processo nº 4356/05): Emendas de nos 10 e 11, de autoria do Vereador Professor Garcia, Líder da Bancada do PSB; de nº 12, proposta pelo Vereador Carlos Todeschini e assinada pela Vereadora Maristela Maffei, Líder da Bancada do PT; de nº 13, de autoria da Vereadora Manuela d'Ávila, Líder da Bancada do PCdoB; as Subemendas nos 01 à Emenda nº 04 e nº 01 à Emenda nº 05, ambas de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, Líder da Bancada do PPS. Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Carlos Todeschini, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a retirada de tramitação da Emenda nº 09 ao Projeto de Lei do Executivo nº 010/05 (Processo nº 4356/05). Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 010/05, o qual, após ser discutido pelo Vereador João Antonio Dib, teve sua discussão suspensa, em face da inexistência de quórum. Durante a discussão do Projeto de Lei do Executivo nº 010/05, em face de Questões de Ordem formuladas pelo Vereador Raul Carrion e pela Vereadora Sofia Cavedon, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da apreciação do Requerimento de autoria da Vereadora Manuela d'Ávila, solicitando o adiamento, por duas Sessões, da discussão do Projeto Lei do Executivo nº 010/05. Ainda, esteve em votação o Requerimento de autoria da Vereadora Manuela d'Ávila, solicitando o adiamento, por duas Sessões da discussão do Projeto Lei do Executivo nº 010/05, o qual, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Manuela d'Ávila, Carlos Todeschini, Clênia Maranhão e Professor Garcia, deixou de ser votado, em face da inexistência de quórum deliberativo. Na oportunidade, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se acerca da apresentação de mais de um Requerimento para adiamento da discussão do Projeto de Lei do Executivo nº 010/05. Também, foi votada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, a qual obteve nove votos SIM e quatro votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Elói Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Claudio Sebenelo, Elias Vidal, João Antonio Dib, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Maristela Meneghetti e Maurício Dziedricki e votado Não os Vereadores Dr. Goulart, Ibsen Pinheiro, Mario Fraga e Neuza Canabarro, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, em face da inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e quarenta e oito minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães, João Carlos Nedel e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Nereu D'Avila. Do que eu, Nereu D'Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Mauri José Vieira Cruz, ex-Secretário dos Transportes e Diretor Executivo do Instituto da Mobilidade Sustentável - Ruaviva -, está com a palavra para tratar de assunto relativo à Jornada Brasileira “Na Cidade Sem Meu Carro”, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. MAURI JOSÉ VIEIRA CRUZ: Boa-tarde a todos! Gostaria de saudar esta Casa na pessoa do seu Presidente, Ver. Elói Guimarães, que já foi Secretário de Transportes e conhece bem a problemática do trânsito e do transporte da nossa Cidade. Certamente, muito do que fizemos lá, na época, foi continuidade de parte do trabalho já realizado. Gostaria de saudar o nosso Ver. João Dib, amigo, ex-Prefeito desta Cidade, na pessoa de quem saúdo também os Vereadores desta Casa, pelo seu papel, pela sua importância no trânsito e transporte da nossa Cidade. Gostaria de fazer uma saudação especial ao Ver. Adeli Sell, que oportunizou esta Tribuna Popular, na pessoa de quem saúdo a Bancada do PT, pois, como todos sabem, é o Partido a que me filio com muito orgulho.

O tema sobre o qual vamos conversar nesta Tribuna Popular é a questão da Jornada Internacional Na Cidade Sem Meu Carro. Parece até estranho pensarmos uma cidade sem carro. Falo em nome do Instituto Ruaviva e também em nome de um conjunto de entidades organizadas no entorno do Movimento Gaúcho pelo Trânsito Seguro. Em 2001 foi constituído esse Movimento em âmbito estadual, com um conjunto muito grande de entidades da sociedade civil, entidades apartidárias, pegando um espectro ideológico muito grande, no sentido de conscientizar e mobilizar a sociedade gaúcha para a necessidade de um novo modelo de mobilidade em nossa Cidade, em nosso Estado, em nosso País.

O Movimento Gaúcho pelo Trânsito Seguro apóia a Jornada Internacional Na Cidade Sem Meu Carro, um movimento internacional que nasceu em 1998 na França, principalmente motivado pelo Ministério do Meio Ambiente francês e que rapidamente se espalhou por todo o mundo. Hoje são mais de 50 países que realizam essa Jornada, são mais de 1.500 cidades que participam da Jornada. E a Jornada Na Cidade Sem Meu Carro é um dia de reflexão a partir da ação. Não é meramente um dia de reflexão para que a gente pare e pense o que fazer para melhorar o trânsito e a circulação na Cidade; deve acontecer a ação concreta das pessoas. Que tipo de ação? A ação de deixar o carro em casa e tentar utilizar a Cidade, usufruir da Cidade sem o automóvel. Não é uma Jornada contra o automóvel, é uma Jornada que busca demonstrar para a cidadania mundial que nós, hoje, dependemos do automóvel para poder usufruir da cidade, e que busca também apontar os perigos dessa dependência, os riscos dessa dependência.

O primeiro risco da dependência, bastante conhecido por todos, é o risco da violência no trânsito. Estivemos, hoje pela manhã, debatendo num programa de rádio, no qual os diretores da EPTC informaram que, neste ano, até agosto, já morreram 108 pessoas em Porto Alegre vítimas da violência no trânsito. Cento e oito vítimas! Pessoas que perderam a vida. E mais de três mil vítimas não perderam a vida, mas tiveram seqüelas; e, dessas, mais de trezentas ficaram com seqüelas permanentes. No Rio Grande do Sul são cinco mortes por dia! Essa é a média de mortes. Ou seja, a violência no trânsito mata mais do que a violência resultado de assaltos, a comumente conhecida violência urbana. E nós, contraditoriamente, temos muito mais medo de ser assaltados do que de nos envolver em um acidente com vítimas, sendo que o nosso risco muito maior é o de nos envolvermos num acidente em que a gente venha a perder a vida. Então, essa questão, por si só, já é importante.

Mas temos outras questões, como a ambiental. Estamos todos, hoje, acompanhando a tragédia nos Estados Unidos no que se refere ao novo furacão denominado Rita, que vai chegar na categoria cinco, na escala, em relação à sua violência, seguindo o furacão Katrina, que todos acompanhamos, sem nos esquecermos também do furacão Catarina, aqui em Santa Catarina, com que muitos gaúchos sofreram. Há, de acordo com todas as avaliações científicas, uma elevação da temperatura em nosso planeta, o que ocasiona uma mudança brusca no clima, trazendo conseqüências muito sérias, principalmente para as populações que vivem nas praias, às margens de rios, e prevê-se que, nos próximos vinte anos, haverá “exilados do clima”. “Exilados do clima” serão pessoas que não poderão estar junto às suas casas, ao seu patrimônio, em função das condições climáticas. Então, a questão do clima e do aquecimento global, hoje, não é um futuro! Nós, talvez há dez anos, avaliávamos que daqui a cinqüenta anos o clima poderia mudar. O clima está mudando imediatamente, de uma forma muito brusca, e isso está trazendo realmente situações bastante críticas.

E a terceira causa de reflexão que a Jornada tenta apontar e apresentar é uma causa democrática. Nós temos, no Brasil, 20% da população utilizando o automóvel para se deslocar. Mais de 70% da população precisa usar o transporte público, só que o espaço público das cidades é invertido: 80% do espaço público construído é para o automóvel, 27% do espaço é para os ônibus, sendo que há parte desses espaços que é utilizada comumente entre o ônibus e o automóvel. Há uma inversão, uma utilização antidemocrática do espaço urbano, uma apropriação do espaço urbano, feita por uma parte da sociedade, que é iníqua do ponto de vista democrático.

Então, são três causas. E eu poderia utilizar ainda a questão econômica, que é mais polêmica. Eu não gostaria de entrar nessa questão mais a fundo, porque também tem a ver com a questão do emprego, pois a indústria automobilística hoje é a indústria que menos emprega e mais recebe os subsídios. As Sras Vereadoras e os Srs. Vereadores receberam um folder - patrocinado pelo Ruaviva, pela Famurs, pelo Movimento Ativo, que é uma das ONGs, e pelo Movimento Gaúcho - que aponta que, em média, os automóveis recebem 14% de subsídio, e o transporte público, 5% de subsídio. A indústria automobilística gera um número muito pequeno de empregos porque é toda automatizada - é a chamada “indústria de ponta”, não precisa da mão-de-obra intensiva. Já o transporte coletivo exige muita mão-de-obra, e conseguimos modernizar o transporte com a bilhetagem eletrônica sem demitir os cobradores em Porto Alegre, com a participação efetiva desta Casa, mantendo a presença dos cobradores dentro dos ônibus, no espírito social da questão do emprego.

Então, são quatro os motivos para os quais a Jornada tenta alertar, no sentido de fazermos uma crítica ao modelo centrado no automóvel. Nós não queremos nem defendemos que os automóveis sejam jogados em qualquer lugar, até porque seria uma prática de poluição. Nós defendemos que haja um uso racional do automóvel, que ele ocupe o seu espaço na medida da sua importância no sistema; que as pessoas que utilizam automóvel sejam responsáveis pelos custos dessa utilização.

Portanto, somos favoráveis, sim, ao pedágio urbano, como uma forma cruzada de subsídio aos preços das tarifas dos ônibus. Hoje a tarifa do ônibus é um impeditivo de as pessoas poderem usar o ônibus, e não quer dizer que a tarifa não tenha esse custo. Ela tem esse custo, mas ele é 100% arcado pelo usuário, diferente do custo do automóvel. A pessoa que adquire o automóvel adquire um veículo subsidiado com recursos nossos, dos orçamentos públicos! Então, há uma inversão, e a nossa Jornada faz um apelo para que a gente realmente reflita sobre esse peso do automóvel na nossa sociedade e que a gente repense a utilização do automóvel, criando restrições. A parcela da sociedade que utiliza o automóvel tem muita força na opinião pública, portanto é muito difícil construirmos uma crítica organizada ao automóvel; é muito difícil rompermos o bloqueio, às vezes, na própria mídia. É preciso que os atores políticos, em especial quem representa mais imediatamente os interesses da sociedade, como é o caso dos Vereadores, em especial esta Casa, comecem a pautar isso, coloquem isso na agenda como uma preocupação. Porque a violência no trânsito é muito séria, porque a questão ambiental é muito séria, porque a questão da democratização do espaço é muito séria; trata-se da questão do modelo do desenvolvimento econômico, não temos dúvida nenhuma.

Em que consiste a Jornada Brasileira Na Cidade Sem Meu Carro? Consiste numa atitude dos poderes públicos municipais; são as Prefeituras que aderem à Jornada. As Prefeituras fazem um ato de restringir o acesso do automóvel a uma área da Cidade, em especial à área central. Nós temos cidades em que esse evento já não acontece mais só um dia por ano - o dia 22 de setembro -, já são dias por mês... Temos cidades em que isso já é um evento semanal... Almada, em Portugal, já restringe toda quinta-feira o acesso de automóvel à área central. A cidade de Bogotá, à qual o nosso novo Secretário de Mobilidade Urbana fez uma visita, restringe todos os veículos utilitários na área central que utilizam o diesel, então é um movimento internacional em que mais de 1.500 pessoas participam.

Em Porto Alegre, uma cidade pioneira, em 2001 e 2002, nós restringimos o acesso à Av. Osvaldo Aranha; em 2003 e 2004, nós restringimos o acesso à Av. João Pessoa. Este ano, infelizmente, talvez porque o Governo ainda está começando, não houve a oportunidade de restringir, ele apenas está fazendo campanhas para a conscientização das pessoas, apoiando a Jornada. Mas Novo Hamburgo, São Leopoldo e Portão são três cidades que estão restringindo o acesso do automóvel em áreas centrais, chamando a população para ocupar esse espaço, para usufruí-lo, pois é um espaço coletivo.

Eu gostaria de encerrar agradecendo o espaço, em que trouxe aos Vereadores e às Vereadoras essa reflexão, também gostaria de convidar esta Casa a participar, efetivamente, dessa análise do problema do automóvel, do peso do automóvel na falta de qualidade de vida de nossa Cidade, lembrando que Porto alegre é pioneira. Esta Casa, ao longo desses 16 anos, reconheceu e apoiou mudanças estruturais no nosso sistema, aprovando, em especial, a Lei nº 8.133, que define a política de transporte e circulação de nossa Cidade. E eu faria um apelo para que esta Casa continuasse apoiando todas as ações que venham a construir um trânsito mais seguro, um trânsito mais saudável, para que a gente realmente consiga circular sem correr o risco de perder a vida, que sejamos solidários com as novas gerações, mantendo o clima, no mínimo, nas condições em que ele está. Muito obrigado pelo espaço, agradeço a todos vocês. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos o Sr. Mauri Cruz a tomar assento à Mesa. O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao companheiro Mauri. Queremos parabenizá-lo pela sua vinda em nome da entidade Instituto da Mobilidade Sustentável - Ruaviva. Nós estamos atuando, no Conselho das Cidades, no Comitê Técnico de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, junto com o Bertotto, que faz parte da estrutura do Ministério, e com o Nazareno, que faz parte do Conselho.

Essa questão tem sido uma discussão permanente: a discussão sobre a deseconomia, digamos assim, do transporte baseado nos automóveis. Os dados são estarrecedores: de 30 milhões de veículos no Brasil, 25 milhões são automóveis, e apenas 115 mil são ônibus. E nós temos toda esta situação: o automóvel é uma fonte de acidentes, ocasionando vítimas fatais ou seqüelas permanentes; é uma fonte de poluição, como já bem foi colocado; de gasto, em termos econômicos, por passageiro transportado; causa congestionamento, inviabilizando as cidades - hoje as cidades passam a servir não à mobilidade das pessoas, mas à dos veículos. Temos aqui em Porto Alegre aquela discussão sobre a Rua Dom Luiz Guanella e a continuidade da Av. Nilo Peçanha, em que se quer destruir mais de duzentas casas diante da voracidade do automóvel. É importante a idéia do “dia sem o automóvel”, mas nós estaremos mais certos se tivermos, o ano todo, bastante menos automóveis, eu creio que esse é o nosso objetivo. Nós temos que montar uma outra estrutura de transporte urbano baseada no transporte coletivo e não no transporte individual, motorizado, que é a situação de hoje.

Então, parabéns, somos solidários a essa luta e estamos trabalhando também no Ministério das Cidades com o mesmo objetivo. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, meu caro Mauri Cruz, do Instituto de Mobilidade Sustentável, em primeiro lugar, eu quero dizer da satisfação de revê-lo. O Mauri Cruz foi, para mim, um dos melhores Secretários de Transporte dos últimos quinze anos; por certo, o mais bem educado, nunca deixou o Vereador sem resposta, até para dizer “não”. Mas eu quero saudá-lo pela iniciativa, eu acho importante que o transporte coletivo seja mais utilizado pela coletividade, acho que, em Porto Alegre, nós precisamos fazer uma reformulação do transporte coletivo na área central. Isso não é fácil e também não é tão difícil, porque a Secretaria organizou as empresas em quatro grupos. Talvez, com esses quatro grupos e alguns microônibus no Centro da Cidade - gratuitos -, nós pudéssemos até resolver o problema de circulação em toda a Cidade, porque muita gente, aí sim, deixaria de tomar o seu veículo particular para se dirigir ao Centro e colocar numa garagem e ficar lá durante horas pagando; ele viria de ônibus e se locomoveria com muita facilidade na área central. Eu quero cumprimentá-lo e dizer da minha satisfação em revê-lo. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, uma saudação ao Sr. Mauri Cruz, Diretor Executivo do Ruaviva, quero registrar aqui que foi pauta, no Grande Expediente de segunda-feira, justamente esse tema, fruto da Semana Nacional do Trânsito, contamos inclusive com o comparecimento do Secretário Senna, que fez uma ampla explicação de como está a Secretaria de Mobilidade Urbana.

Uma das questões que eu pontuei na minha manifestação foi justamente a respeito das recepções que nós devemos ter em alguns locais da nossa Cidade, para que não tenhamos grandes números de acidentes de trânsito, atropelamentos e congestionamentos. E foi narrado, num jornal, que, no fim de semana da Capital, se constatavam engarrafamentos de mais de um quilômetro nas imediações do Shopping Iguatemi, nas vias da Av. Nilo Peçanha. Então, são essas questões que nós temos que trabalhar. E temos que trabalhar ao lado da comunidade nesse momento, até para que tenhamos uma noção completa. É um caso tipicamente que ocorre numa região da Cidade que deve receber um cuidado maior, um critério educacional, um acompanhamento, inclusive da EPTC, para que tenhamos lá a afluência do trânsito.

E o que nós contatamos na noite de Porto Alegre, também é o caso da Av. Lima e Silva, são os engarrafamentos, que acabam, por muitas vezes, gerando problemas junto aos bares, junto aos freqüentadores. Está sendo pauta na Câmara um Projeto que amplia o horário de abertura dos bares, pois uma das maiores reclamações que as associações fazem é quanto ao trânsito. Então, são questões para as quais devemos unir nossos esforços, transformando-as num instrumento a fim de que tenhamos realmente uma Porto Alegre com mobilidade.

Registramos também, naquele dia, as verbas que o Prefeito Fogaça trouxe de Nova Iorque, que visam a um transporte coletivo com maior fluência, com maior agilidade, vulgarmente chamado de “ligeirinho”.

Então, são questões que a gente tem de tratar, e eu tenho certeza de que o Ruaviva vai ter propriedade para assumir essa discussão, porque uma das necessidades básicas da Cidade é a reformulação do sistema viário. Nós, enquanto Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, estamos acompanhando o assunto com particular atenção, porque cremos que um trânsito melhor vai proteger ainda mais a vida dos nossos cidadãos e trará também o progresso da nossa Cidade.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Exmo. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, Sr. Mauri José Vieira Cruz, Diretor Executivo do Instituto da Mobilidade Sustentável - Ruaviva -, em nome da Bancada do PDT e da Bancada do PMDB, que incluo a pedido do nosso colega Ver. Bernardino Vendruscolo, primeiramente, quero saudar e parabenizar Vossa Senhoria.

Sem dúvida nenhuma, o nosso trânsito hoje é uma questão extremamente séria. Eu acho que V. Sa. veio numa hora muito oportuna nesta Casa, e o relato que V. Sa. deu na tribuna é uma questão com que não só a Câmara Municipal deve se preocupar, mas também outros Parlamentos superiores a ela, porque hoje, em algumas ruas de Porto Alegre, meu caro Mauri, é impossível se locomover! Eu acho que o estresse dessas pessoas aumenta quando pegam esse congestionamento, porque a pessoa chega em casa mais cansada do que durante o período em que permaneceu no trabalho! E veja também, Mauri, para evitar a BR-116, por que não estender o Trensurb até Novo Hamburgo? Durante alguns momentos durante o dia, chegar até São Leopoldo, até Novo Hamburgo é um problema muito sério! O assunto do nosso trânsito é assunto de qualidade de vida, sem dúvida nenhuma!

Portanto, mais uma vez, quero parabenizá-lo, pois V. Sª traz esse dado extremamente importante, um dado para reflexão aqui - não só para o Parlamento gaúcho, mas para outros Parlamentos. Um abraço fraterno.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo. Sr. Presidente da Câmara; Sr. Mauri José Vieira da Cunha, Diretor Executivo do Instituto de Mobilidade Sustentável; é um prazer muito grande recebê-lo. Dessa coisa maravilhosa que V. Sª distribuiu aqui, que trata de qualidade de vida, que é a diminuição do transporte, um item me chamou a atenção: a poluição do NO2. Eu sei porque fiz um estudo, eu trabalhava com esse produto, e ele é comprovadamente cancerígeno. Nós temos problemas no nosso trânsito e outros malefícios que não são tratados, e não sabemos por que, com a seriedade de vida, isso acontece. Acho que a melhoria de vida da população, em geral, tem muito a ver com o que está escrito aqui.

Então, quero o parabenizar por ter trazido esse tema, eu estudei sobre ele e poderia ter sido contaminado pelo NO2, que é altamente ofensivo à Saúde Pública. Parabéns!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR.PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, meu caro amigo Mauri Cruz, nesta Semana do Trânsito, neste dia especial que é o Dia da Cidade Sem Meu Carro, eu queria salientar que Porto Alegre possui uma frota monumental: em torno de 527 mil automóveis. Nós tivemos uma média/ano de 22 mil acidentes: em torno de 7.500 pessoas feridas e vítimas e 1.400 atropelamentos em média, e, neste ano, já são 108 mortes. O Secretário esteve esta semana aqui e colocou esses dados extremamente preocupantes.

Eu quero salientar aqui que acabei de protocolar a instituição do dia 22 de setembro como Dia Porto-Alegrense Sem Meu Carro, para que possamos continuar numa evolução. Nós queremos salientar que temos de zelar pela atual legislação, uma legislação que foi construída coletivamente por esta Casa, já citada por V. Sª, a Lei nº 8133. Nós queremos que, no ano que vem, tenhamos, no dia 22, espaços delimitados para que só entrem lotações, táxis e ônibus e não o automóvel particular. Hoje fiz o meu dever de casa, vim a pé, pois moro perto, é um gesto simbólico; não é apenas com um dia ou com a não-utilização do carro num pequeno trajeto que vamos resolver o problema, mas vamos dar passos significativos.

Nesse sentido, eu quero contribuir e parabenizar, em nome da nossa Bancada, a sua intervenção e o trabalho realizado.

Gostaria de convidar todos para comparecerem - inclusive V. Sa. e outros - ao I Ciclo Municipal de Debates sobre a Mobilidade Urbana, aqui no nosso Plenarinho Ana Terra, amanhã à tarde, quando vamos discutir a respeito dos conflitos do trânsito. Convido todos e todas para se fazerem presentes, que possamos continuar esse processo dentro da Semana do Trânsito. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós estamos encerrando esta parte da Sessão e queremos cumprimentar o Mauri Cruz, dizia a ele que fazia tempo que não nos víamos. Quero fazer minhas as palavras do Ver. João Antonio Dib: o Mauri foi efetivamente um técnico na área de transporte, de engenharia de tráfego, um excelente Secretário de Transportes, e tivemos oportunidade de aqui muito debater e encaminhar uma série de soluções em momentos extremamente complexos para a cidade de Porto Alegre, com a metodologia de cálculo, com a lei de autoria deste Vereador, mantendo o cobrador de ônibus, enfim, foi uma série de medidas que pudemos tomar conjuntamente.

A campanha é extremamente meritória pelo que simboliza, porque, na realidade, um dos maiores predadores do IPK, se assim podemos colocar, é o automóvel; o IPK tira o passageiro do ônibus, evidentemente outros instrumentos vêm tomando o passageiro do ônibus, e conseqüentemente a tarifa, porque baixa o IPK, termina subindo, trata-se de cálculos técnicos. Então, eu acho que este é um momento extremamente importante, em que temos o Mauri com a sua campanha, e o Ver. Adeli Sell já está registrando o dia 22 como o Dia Porto-Alegrense Sem Meu Carro. Eu acho que é um excelente mote, Mauri, para que se desenvolvam exatamente atividades, providências no sentido de dar espaço ao pedestre.

Portanto, estamos terminando esta parte da Sessão e, mais uma vez, cumprimentando o amigo, o técnico Dr. Mauri Cruz. Agradecemos a presença do Dr. Mauri José Vieira Cruz. Suspendemos a Sessão para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h32min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 14h34min): Estão reabertos os trabalhos.

Hoje temos o comparecimento de representantes do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do Sul, Sindiconta, em homenagem ao Dia do Contador, essa importante profissão; um Requerimento de autoria do Ver. João Carlos Nedel.

Compõem a Mesa o Sr. Salésio Dagostin, Presidente do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do Sul, Sindiconta; Sr. Pedro Gabriel Kenne da Silva, Contador-Geral do Estado, representando o Conselho Regional de Contabilidade; Sr. Carlos Alexandre Randazzo, Presidente do Sindicato dos Contabilistas de Porto Alegre; Sr. Sérgio Laurimar Fioravanti, Presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil - 6ª Seção Regional. Também presentes, como extensão de Mesa, o Sr. Jader Cavalheiro, Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que tem dado magníficas contribuições à nossa Casa; Sr. Luiz Eurico Boeira, ex-Presidente do Sindiconta; Sr. Irmberto Rodolfo Haag, ex-Presidente do Sindiconta; Srª Soeli Rinaldi, Diretora Social do Sindiconta; Srª Viviane Docena, Técnica em Contabilidade; funcionários da Casa, Contadores da Casa. E aqui mencionamos - lembrando os seus nomes, queremos lembrar todos os Contadores e Contabilistas da Casa - a Srª Marta Prates de Oliveira, Chefe da Seção de Contabilidade e Finanças, e o Sr. Osvaldo Tadeu Ribar, Assessor Financeiro da nossa Câmara.

Constituída a Mesa deste ato solene, o Ver. João Carlos Nedel, proponente desta homenagem, está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Saúdo também meus colegas Contadores Ângelo Filomena e Werlo Fincker e faço uma menção especial à nossa colega Contadora, Verª Maristela Meneghetti.

Esta Casa recebe, com muita satisfação - minha, em particular -, representantes da classe profissional dos Contadores, que me orgulho de integrar, para homenagear o Dia do Contador e os 60 anos da criação dessa importante profissão no Brasil.

Vai bem longe o tempo em que os Contadores estavam ausentes do centro das decisões organizacionais, sem participar do processo decisório, funcionando apenas como elementos de apoio e só sendo informados das decisões depois de tomadas. Ao longo dos anos, muitos conceitos e preconceitos de caráter simplista, eu diria até simplórios, mas eminentemente reducionistas, foram aos poucos se transformando positivamente, até chegarmos à realidade atual, em que um número cada vez maior de Contadores exerce papel destacado e essencial nas organizações, seja participando diretamente da gestão, seja como consultores internos, ou mesmo como analistas de negócios. Mais do que fechar balanços, preencher formulários de Imposto de Renda, executar auditorias e perícias, como os leigos pensavam no passado que seria o papel do Contador, o novo profissional da Contabilidade é um elo fundamental na cadeia da modernidade, em constante busca da eficiência e da qualidade organizacional.

Com o emprego de sistemas informatizados e servindo-se de recursos matemáticos e estatísticos, acompanhando as constantes modificações da realidade exterior, às quais tem sabido adaptar-se, o Contador do terceiro milênio apresenta um perfil profissional totalmente diferente do tradicional. E assim vemos, hoje, o Contador como um profissional polivalente, que tanto pode ser responsável pelo desenvolvimento da arquitetura de sistemas de informações aos usuários internos e externos de uma empresa como de trabalhos de perícias, auditorias internas e externas, controladoria, planejamento tributário e consultoria. Na atual conjuntura, inclusive, o Contador deixou de ser um mero coadjuvante na conjuntura econômica para ser um dos principais agentes protagonistas no cenário da administração empresarial no Brasil.

Olhando-se o cenário político-administrativo atual, quando as denúncias de corrupção se multiplicam, é de se perguntar se muitos desses problemas não teriam sido evitados se os responsáveis pela verificação das contas públicas fossem todos, obrigatoriamente, Contadores, Sr. Presidente Elói Guimarães, profissionais de raciocínio lógico e acentuado e com domínio das técnicas de correlação; profissionais de conhecimento técnico profundo e experiência crítica voltada para a correção e a justeza dos números. Acredito que o panorama seria bem outro.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Carlos Nedel, o Plenário desta Casa tem dois bons Contadores: V. Exª e a Verª Maristela Meneghetti. Mas eu creio que, nos quadros dos servidores da Câmara, até pouco tempo não havia um Contador, e não quero afirmar que hoje não tenha, mas é essencial para a vida da Câmara, para o acompanhamento da execução orçamentária. É realmente importante. Obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, Ver. João Antonio Dib.

Portanto, a homenagem ao Dia do Contador que hoje fazemos, Sr. Presidente, serve, então, como um alerta e uma contribuição no sentido de que o Contador seja mais valorizado e melhor aproveitado, especialmente na Administração Pública.

 

O Sr. Maurício Dziedricki: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, queremos saudá-lo pela justa homenagem ao Dia do Contador e fazer uma referência especial a um grande amigo: ao Contador-Geral do Estado, Pedro Gabrill, representando aqui o Conselho Regional de Contabilidade e seus pares na Mesa, hoje, acolhendo esta grande homenagem ao Dia do Contador.

Uma das necessidades que considero premente para as funções do Estado é que realmente tenhamos um quadro estável de profissionais habilitados, de Contadores acompanhando a execução financeira dos nossos Orçamentos, para que tenhamos a idoneidade e, mais do que isso, a fiscalização dos olhos severos do Estado, a fim de que não tenhamos os grandes desvios, as grandes falcatruas que estamos vendo atualmente, porque é necessário qualidade na Administração Pública; e isso nós estamos demonstrando através de políticas de transparência.

Tenho certeza de que o Dia do Contador, hoje saudado aqui pelo Ver. João Carlos Nedel, é mais uma forma de demonstrar a Porto Alegre que temos convicção de que esse é o caminho correto. Parabéns, Ver. Nedel.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, Ver. Maurício.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, em meu nome e em nome da Verª Manuela d’Ávila, da Bancada do PCdoB, queremos parabenizá-lo por esta iniciativa e nos somarmos a esta justa homenagem à categoria dos Contadores. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, Ver. Raul Carrion.

Aproveito também para cumprimentar os integrantes do Sindiconta pelos 17 anos de fundação, desse Sindicato que foi o primeiro sindicato constituído de acordo com a nova ordem constitucional no Brasil em 1988. É meu desejo sincero que a profissão de Contador se torne cada vez mais reconhecida, mais necessária, mais eficaz e mais nobre. Parabéns, então, aos Contadores pela passagem do Dia que lhes é dedicado e ao Sindiconta pelo seu 17º aniversário. Que Deus, Nosso Senhor, continue abençoando os Contadores e os Técnicos em Contabilidade deste País. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Casa se manifestou na fala do eminente Ver. João Carlos Nedel, bem como nos apartes oferecidos. Agora, queremos oferecer a palavra ao Sr. Salésio Dagostin, Presidente do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do Sul. Também queremos anunciar a presença do Sr. José Rojas, Contador-Geral do Município, e da Srª Marilene Rollo, Auditora-Geral. Recebam as nossas saudações.

O Sr. Salésio Dagostin, Presidente do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do Sul, está com a palavra.

 

O SR. SALÉSIO DAGOSTIN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Contadores, sociedade rio-grandense, povo do Brasil, há sessenta anos foi criado no Brasil o curso de Ciências Contábeis, e a sociedade ainda se pergunta: “Para que serve um Contador?” Se perguntar para qualquer cidadão a função de um dentista, a função de um médico, a função de um advogado, certamente todos irão responder. Agora, se perguntar para que serve um Contador, certamente o cidadão comum teria dificuldade em responder.

É certo que, no mundo, existem dois tipos de pessoas: a pessoa física e a pessoa jurídica. A pessoa física nasce com corpo; e o corpo da pessoa jurídica, senhores, é necessário que um profissional crie. Então, o Estado deu a responsabilidade ao Contador para que se faça se comunicar com o mundo, e é através das informações contábeis e das demonstrações que nós divulgamos ao mundo que o povo e a sociedade interagem. Não existiria, no mundo, economia; não existiriam, no mundo, negócios; não existiria, no mundo, nada, se o Contador não exercesse a sua função.

Ora, se V. Exas pegarem o nosso Código Comercial Brasileiro, que é de 1850, irão verificar que lá já era obrigatório que as pessoas jurídicas elaborassem as suas demonstrações contábeis. Por que isso? Porque não existe pessoa jurídica, não existe pessoa sem corpo, e as demonstrações contábeis substituem o corpo da pessoa jurídica. Criar o corpo não é suficiente, senhores. Por que não? Porque não adianta ter um corpo se não existir um profissional que diagnostique os problemas da pessoa jurídica. Então, foi por isso que, em 1945, o Estado criou o Contador, porque até então esse corpo era constituído pelos guarda-livros, que, em 1958, foram substituídos, foram mudados pelos técnicos em contabilidade. Verifica-se que, de um lado, temos um profissional que exerce uma função eminentemente técnica na elaboração das demonstrações contábeis, e, de outro lado, o Estado precisava criar um profissional para diagnosticar e verificar os problemas que essa pessoa jurídica tinha. E aí entrou quem? O Contador, o Bacharel em Ciências Contábeis.

Vejam que o Contador não é um mero profissional que registra, é muito mais que isso: ele interage com a sociedade. O Contador faz com que as pessoas físicas e as pessoas jurídicas procurem se aproximar e que, através dessas informações, todos os negócios se realizem. Pensem V. Exas o que seria do mundo se não houvesse o Contador e as informações contábeis. Que globalização nós teríamos? Que intercâmbio nós faríamos? Que comércio se realizaria? É através, Srs. Vereadores, povo brasileiro, das demonstrações contábeis e através da solução que damos aos problemas que nós nos integramos na sociedade e que ela existe. Então, as demonstrações contábeis e o Contador exercem um papel eminentemente social, porque é através das nossas demonstrações, Sr. Presidente, que todos interagem. É através das informações que o Governo traça um verdadeiro retrato da economia brasileira. Nossas informações contábeis também são utilizadas para arrecadação de tributos. A sociedade, através das nossas informações contábeis, consegue detectar quem é quem na economia brasileira.

Vejam que ainda não se discutiu a função social das pessoas jurídicas; já se discutiu a função social da terra, e das pessoas jurídicas? Quando é que nós vamos começar a questionar? Será que uma pessoa jurídica pertence ao dono dela ou pertence à sociedade onde ela está enraizada, onde ela desenvolve a sua atividade econômica?

Tudo isso, com muito orgulho, nós, Contadores, temos hoje a oferecer à sociedade. É através dessa função, desse trabalho, que os Contadores acabam se comunicando com a sociedade.

Por isso, Sr. Presidente, agradeço este espaço em nome de todos os Contadores do Brasil, do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre, em nome do Sindicato dos Contabilistas, do Ibracon e do Conselho de Contabilidade. Esperamos que os Contadores, cada vez mais, se integrem e se unam na defesa não da sua profissão, mas do povo brasileiro, porque é através da defesa da riqueza nacional que estaremos defendendo a riqueza do nosso povo. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estamos finalizando esta homenagem requerida pelo Ver. João Carlos Nedel, a quem agradecemos por ter proporcionado à Casa a oportunidade de saudar os Contadores e, de resto, os Sindicatos e as demais organizações públicas e privadas que representam essa categoria tão importante como são os Contadores. Falava aqui com o Dr. Pedro: tudo começou com o guarda-livros há mais de sessenta anos e, a partir daí, se desenvolveu.

Eu até poderia dizer aqui, na presença dos especialistas das Ciências Contábeis, que vivemos a era da Ciência Contábil, sem o que as organizações não teriam como cumprir o princípio da legalidade. O princípio da contabilidade é um pressuposto ao princípio da legalidade. E aqui a experiência da Casa... Há pouco apresentava a Drª Marta, que é a nossa Contadora da Casa, à Mesa dos trabalhos, e dizia ao amigo Pedro que ela tem nos ajudado - e, de resto, a Contabilidade da Casa, aqui está o Tadeu e os demais Contadores da Casa -, quando enfrentamos toda essa problemática com as contas, com a questão da legalidade, etc. e tal. Estamos aqui prestando uma homenagem de absoluta justiça a uma profissão indispensável à atividade dos nossos dias, quer no setor público ou no setor privado.

Agradecemos ao Sr. Salésio Dagostin, Presidente do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do Sul, o Sindiconta; Sr. Pedro Gabrill Kenne da Silva, Contador-Geral do Estado, representando o Conselho Regional de Contabilidade; Sr. Carlos Alexandre Randazzo, Presidente do Sindicato dos Contabilistas de Porto Alegre; Sr. Sérgio Laurimar Fioravanti, Presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil - 6ª Seção Regional; aos demais Contadores aqui já mencionados, em especial ao Dr. Jader Cavalheiro, Auditor Técnico do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que tem, permanentemente, estado aqui na Casa, colaborando com a nossa instituição.

Suspendemos os trabalhos por dois minutos para as despedidas, agradecendo essas presenças tão importantes e tão ilustres. Obrigado.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h59min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 15h03min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Nereu D’Avila.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, batalhei por este tempo, por permuta - e dele ficarei devedor -, porque eu fazia questão de vir a esta tribuna, hoje, fazer reiterada justiça a uma grande figura da vida pública nacional que está sofrendo algumas incompreensões. Falo do Ministro Nelson Jobim, Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Tenho lido, Sr. Presidente, e escutado algumas críticas ao suposto caráter político da decisão de S. Exª, que determinou observância no devido processo legal aos procedimentos disciplinares que correm na Câmara dos Deputados contra alguns Parlamentares. Especialmente seis Parlamentares do PT recorreram ao Supremo Tribunal Federal, e o Presidente do Pretório, no uso das suas prerrogativas, em função da premência do tempo, decidiu, liminarmente, atender ao pedido de habeas corpus, por perceber o risco de vulneração do devido processo legal.

E algumas críticas são ligeiras, porque desatendem à primeira obrigação de informar-se sobre a circunstância fática que envolveu a impetração. É bom que saibam os críticos, assim como todos, que uma Resolução da Mesa da Câmara dos Deputados impõe a abertura de um prazo de cinco Sessões para a defesa dos que tenham, eventualmente, responsabilidade promovida por um processo disciplinar de perda de mandato. Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, diante da gravidade da imputação, todos os requisitos do processo legal têm de ser observados. E lá está o dispositivo na Resolução de Mesa, conferindo um prazo de cinco Sessões, o qual não foi observado, por desatenção, por descuido, mas, enfim, plantava-se um germe de nulidade nesses mesmos processos. Então, a decisão do Ministro Jobim não foi apenas protetiva dos impetrantes, como também foi protetiva da higidez do processo, para que ele ocorra dentro da legalidade e não possa ser contestado, seja qual for a sua conclusão.

Ocorre, também, uma interpretação singela e equivocada: a de que alguém que tenha tido atividade político-partidária não tenha as condições para ser um magistrado. Ora, quem conhece o Ministro Nelson Jobim sabe que, pela sua inteireza de caráter, além de suas qualidades de talento e cultura, ele é um magistrado integral, com todas as qualidades do magistrado. Mas o magistrado não é um eunuco e também não é um eunuco político, eis que o Supremo Tribunal Federal é, felizmente, um órgão político-judiciário e órgão político, como é o Poder Judiciário detentor de uma parcela da soberania do Estado. E, nessa qualidade, o Ministro Jobim tem sido, além de um magistrado imparcial, um homem culto, do depoimento sempre avisado e sereno. Por isso, Sr. Presidente, uma voz aqui, no plano municipal, certamente não vai ecoar nos conselhos nacionais em Brasília, ou pela vastidão do território nacional, mas, certamente, o Ministro Nelson Jobim receberá da sua terra um pouco do calor solidário dos gaúchos, não necessariamente por admiração e afeto, o que este orador professa em relação ao Ministro, mas muito mais pela necessidade de se fazer justiça.

Leio críticas como se houvesse politização da ação do Presidente do Tribunal, quando, na verdade, também é preciso registrar: há fortes resistências, na Magistratura e fora dela, ao modelo de composição do Supremo Tribunal Federal. Alguns defendem - na minha avaliação, equivocadamente - que o Supremo deveria ser composto de juízes de carreira. Saudavelmente, o Supremo Tribunal Federal tem origem nos mandatos populares dos três Poderes; ali se origina a legitimidade do Supremo Tribunal Federal, indicados os seus integrantes pelo Presidente da República, com homens de notório saber jurídico e reputação ilibada, e mediante prévia aprovação do Senado Federal, para só então se constituírem Ministros.

Em boa hora, decalcamos o nosso modelo do modelo norte-americano e o aperfeiçoamos, Sr. Presidente, com competências excepcionais, como o controle concentrado de constitucionalidade, dispensando a penosa construção norte-americana da jurisprudência, para termos o controle concentrado, acessível a todos os Partidos políticos, acessível, além do Procurador-Geral da República, aos Governos Estaduais, às Mesas das Assembléias Legislativas e também às entidades sindicais de caráter nacional. Então, vejam o que significa o Supremo Tribunal Federal como fiador da Constituição e da sua correta aplicação.

Dizer-se que o Supremo, ao decidir uma questão regimental da Câmara dos Deputados, interfere na soberania do Poder é não compreender nem a função do Supremo nem a soberania do Poder. O Poder Legislativo é independente, mas soberanos são os três Poderes, cada um deles é controlado pelo outro. Se o Supremo não pudesse julgar matéria relativa ao Legislativo, também não poderia julgar as matérias relativas ao Poder Executivo. Ele é Supremo Tribunal Federal, o fiador da correta aplicação da Constituição, e o seu Presidente é o líder da instituição e líder do Poder Judiciário. Em boa hora, o Poder Judiciário brasileiro tem, na sua chefia, um homem da estatura moral, da qualificação intelectual e da biografia do Ministro Nelson Jobim. Obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Neuza Canabarro está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; nobres Vereadoras e Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nesta tarde, telespectadores do Canal 16, nós vamos abordar no dia de hoje o tema racismo.

Ontem estivemos no programa Polêmica, do Lauro Quadros, no qual se questionava se é racismo o cobrador de um ônibus dizer: “Sai da porta, negrão!” Nós começamos, em primeiro lugar, a questionar em que termos e em que entonação de voz isso foi dito. Porque se o cobrador disse “Sai da porta, Negrão!” acentuando o termo “Negrão”, aí sim é de forma pejorativa e pode se constituir racismo. Mas eu começaria dizendo que isso foi julgado pelo Pleno, e três Desembargadores consideraram que, nessa circunstância, não se caracterizou uma ofensa. Poderia ser até falta de educação, mas não uma ofensa. Nós temos que dar, então, um crédito a esses Desembargadores, que analisaram toda a situação e que conseguiram, então, julgar pela improcedência da ação.

Mas o tema racismo está diariamente na nossa casa. Eu posso dizer com muita legitimidade, porque sou casada com um negro e poderia até escrever um livro de tantas e tantas situações em que nós vimos uma discriminação racial em relação ao Collares. E foi um pedido, inclusive, da Maria Conceição e do Cortes, que estavam no programa, para que eu abordasse esse tema, para que as pessoas soubessem que é algo cultural, que está nas nossas entranhas. Por mais que a pessoa diga teoricamente que ela não é racista, em determinado momento ela diz: “Isso é coisa de negro. Negro, se não faz na entrada, faz na saída”. Isso vem de dentro, de uma cultura, de uma colonização que nós tivemos aqui com um racismo muito grande, em que o negro era escolhido pela canela fina e pela dentadura boa, quer dizer, como se escolhe um cavalo.

Então, cabe a quem mudar essa situação que nos atormenta? Cabe principalmente aos educadores. E, quando falamos em educadores, não são simplesmente os professores, porque educador, Ver. Dib, é todo aquele que mostra, que tem um padrão, pode ser o pai, pode ser a mãe, numa família há um mais forte que deixa os padrões morais para o filho. Temos determinadas situações em que se diz: “Isso meu avô dizia”, ou “a minha, o meu pai”. Então, educador é aquele que passa toda uma série de conhecimentos à criança. E falamos da criança porque ela não tem preconceito com o negro, não tem preconceito com o deficiente. Quem forja esse preconceito é o adulto.

Aqui eu faria um parêntese para dizer que, quando Secretária Municipal da Educação, Ver. Adeli, fizemos um senso para ver o que havia de deficientes em Porto Alegre e que regiões deveriam ser atendidas. No nosso diagnóstico mapeamos quatro regiões, e a que teria a maior necessidade era o Jardim Itu. Fomos até o Jardim Itu para fazer uma proposta à comunidade de colocar dentro do centro comunitário, que inclusive estava interditado, uma escola. Faríamos o pavilhão da escola, recuperaríamos o centro cultural e teríamos condições de atender a todas as crianças. O que aconteceu? A comunidade reagiu violentamente dizendo que não queria. Nós até aceitamos porque consideramos que a comunidade não estava preparada para, naquele momento, receber os deficientes dentro do centro comunitário. Viemos para o Cristal, e a situação se repetiu ainda com mais violência. Nós, então, marcamos posição e permanecemos. Foi onde se construiu a Escola Municipal Professor Elyseu Paglioli. Vinte dias depois de iniciadas as obras, o empreiteiro disse: “Olha, não há condições, nós abrimos os buracos de dia, e eles fecham à noite”. Mas fomos vencendo essas etapas, fomos trabalhando essa comunidade, e no dia da inauguração todo mundo já aceitava a Escola dentro do bairro Cristal. Mas testamos o porquê da resistência. Levamos algumas crianças deficientes a uma praça - três crianças, especificamente -, e as psicólogas ficaram observando, a Betinha Mendes Ribeiro estava lá dirigindo. As crianças normais chegam, brincam e até protegem o deficiente. E, pasmem, os pais, as mães, quando vêem que as crianças estão brincando, chamam “vem para cá”, e a primeira coisa é limpar a mão do filho como se fosse uma doença que pudessem pegar. Então, o que quero dizer é que o preconceito, tanto com negro, como com o deficiente vem do adulto, não da criança, é da sociedade.

Aqui em Porto Alegre, o que temos? Temos uma situação que é realidade: uma mulher negra e gorda não tem vez, isso me disse uma administradora de empresa que era gorda. Ela diz: “A mulata, quando é um violão, é bonitona, ela ainda tem espaço.” Ela se apresentava para fazer testes para um emprego, era a primeira colocada e chamada, mas, quando chegava para a entrevista, era barrada. Isso é uma realidade cultural, Verª Margarete Moraes. Barra-se o negro. Qual é a diferença? Não existe nenhuma diferença entre o negro e o branco, nós temos os mesmos sentimentos, não existe aquela história de que negro bom é o negro de alma branca. Isso é um racismo tremendo! Nós somos iguais.

Então eu trouxe, para reflexão neste momento, uma poesia cujo nome é Lágrima de Preta, de Antônio Gedeão. (Lê.): “Encontrei uma preta/ que estava a chorar/ pedi-lhe uma lágrima/ para a analisar./ Recolhi a lágrima/ com todo o cuidado/ num tubo de ensaio/ bem esterilizado./ Olhei-a de um lado,/ de outro e de frente:/ tinha um ar de gota/ muito transparente./ Mandei vir os ácidos,/ as bases e os sais,/ as drogas usadas/ em casos que tais./ Ensaiei a frio,/ experimentei ao lume,/ de todas as vezes/ deu-me o que é costume:/ nem sinais de negro,/ nem vestígios de ódio./ Água (quase tudo)/ e cloreto de sódio.”

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos registrar aqui a visita orientada da Escola de Ensino Médio São Luiz, são 24 crianças da 3ª série acompanhadas pela Professora Rosemar Haas e pela Supervisora Luciana Martins. Essa atividade faz parte do Projeto de Educação Política que o Memorial desta Casa desenvolve junto a escolas e entidades de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Os nossos cumprimentos aos alunos e às alunas da Escola de Ensino Médio São Luiz.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, colegas Vereadoras e colegas Vereadores, nós temos um conjunto de temas importantes do Município. Nós estamos na Semana do Trânsito, e já debatemos o tema. Poderíamos discutir as tragédias da Segurança Pública da nossa Cidade, mas, neste final de semana, iniciamos também a Semana do Turismo. E não podemos deixar de comentar e trabalhar o tema do turismo na cidade de Porto Alegre. Inclusive, meu caro Presidente, eu até solicitei que, na semana que vem, pudéssemos trazer a nossa Coordenadora Municipal de Turismo, Srª Ângela Baldino, porque o dia 27, terça-feira, é o Dia Mundial do Turismo, e haverá um conjunto de atividades na Cidade para comemorar essa data. Houve uma tentativa, inclusive eu participei de uma reunião com o Escritório de Turismo, de iniciarmos, já neste ano, algo mais presente, mais marcante durante toda a semana, para que no dia 27 houvesse a culminância dessas atividades.

Quero salientar que Porto Alegre deve trabalhar a Semana do Turismo, porque as pessoas têm uma visão equivocada da cidade de Porto Alegre sob o ponto de vista do turismo. Porto Alegre é uma cidade que atrai, uma cidade que se abre, que se abriu para o mundo. Hoje, Verª Margarete Moraes, Porto Alegre é uma cidade cultural. Nos finais de semana, qualquer pessoa da Região Metropolitana ou do Estado que para cá venha pode usufruir os mais variados espetáculos, seja um espetáculo gratuito na Casa de Cultura, seja um espetáculo pago no Theatro São Pedro. Nós temos essa multiplicidade, seja do teatro, seja da música, seja do cinema. Porto Alegre é uma cidade cultural, e o turismo cultural, como já demonstrou Barcelona e outras cidades do mundo, é um elemento importante, impulsionador do comércio da dinâmica do turismo, que é agregadora de formação de mão-de-obra e de inclusão social, porque ela emprega as pessoas das mais variadas classes sociais.

Nós somos uma cidade de eventos. Acabamos de realizar, ontem, em Porto Alegre, um Congresso de Cardiologia, que para cá trouxe quase seis mil profissionais do mundo inteiro. Isso é algo impressionante, inclusive a FIERGS teve de aumentar o seu Centro de Eventos para que pudesse fazer o evento aqui. Esperamos que o próximo evento da ABAV, evento que nunca mais foi feito aqui exatamente por falta de espaço, seja feito aqui também, como um grande evento do nosso turismo de feiras e de eventos, para isso nós estamos trabalhando um conjunto de questões que fazem com que Porto Alegre possa atrair cada vez mais pessoas.

Eu venho discutindo com a EPTC, mas, infelizmente, não tive muita ressonância, como de resto, tudo que se passa pela EPTC não tem ressonância, e o que ficou demonstrado aqui com a vinda do Secretário é a questão das indicações do turismo. Nós temos todo um trabalho já desenvolvido no Escritório de Turismo que precisa ser trabalhado para que possamos atender bem o turista, porque a pessoa que aqui chega, Ver. Ismael Heinen, se perde na Cidade, porque as indicações turísticas são de péssimas qualidades.

 

O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Somente, nobre Vereador, quero lhe dar minha total solidariedade, V. Exª é sabedor também do meu pensamento sobre a potencialidade turística da nossa Cidade. Vossa Excelência está de parabéns por abordar esse tema.

 

O SR. ADELI SELL: Nós queríamos salientar, Ver. Heinen, que a Semana Farroupilha foi uma outra demonstração do potencial que tem esse aspecto da nossa cultura, como tantas outras questões que nós estamos trabalhando na cidade de Porto Alegre.

Nós temos que pensar, como alguns Vereadores já propuseram aqui nesta Casa, em trabalhar a questão das etnias. Nós temos essa riqueza, essa multiplicidade, que tem que ser trabalhada também na gastronomia. Gastronomia é cultura; gastronomia é um elemento importante da formação de uma nação, de um povo, como é a sua língua, como são os seus costumes.

Porto Alegre precisa, nesta Semana, parar, pensar, refletir sobre o turismo. Nós temos obrigação de participar do que fazem as entidades e do que faz o Escritório Municipal de Turismo, hoje sob a direção da jornalista Ângela Baldino, a quem esperamos na semana que vem; que ela seja recebida em comparecimento aqui nesta Casa para que possamos, Ver. Heinen, marcar o dia 27 como o Dia Mundial do Turismo e o Dia Municipal do Turismo. Que Porto Alegre marque essa data, o turismo de recepção, o turismo de eventos, o turismo de feiras, enfim, Porto Alegre é uma cidade vocacionada a ser o centro cultural e turístico do Mercosul.

 

O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) E quiçá, complementando, Vereador, tenhamos o nosso parque temático, porque Porto Alegre merece.

 

O SR. ADELI SELL: Indiscutivelmente, merece e vai ter, se esta Casa se movimentar, como têm se movimentado alguns Vereadores; nós não podemos é ficar parados. Porto Alegre tem que ousar, Porto Alegre tem que ter a coragem e a determinação de mostrar que é capaz de fazer o novo, porque Porto Alegre já mostrou isso durante tantas e tantas vezes fazendo o novo. E deve deixar de ter as costas viradas para o rio, nós temos que explorar o Guaíba. Onde estão os esportes náuticos? Esquecidos, mal trabalhados! Onde está a questão do socioambiental?

Então, meu caro Presidente, finalizo para dizer: Porto Alegre vai marcar, no dia 27 de setembro, o Dia Mundial do Turismo e vai se colocar na vanguarda para ser a capital turística do Mercosul! Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Alceu Brasinha.

O Ver. Elias Vidal usará cinco minutos e, posteriormente, mais cinco minutos, por concessão que lhe faz o Ver. Dr. Goulart, com a concordância, que eu solicito neste momento, dos Vereadores Aldacir Oliboni e Bernardino Vendruscolo.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, neste momento, venho a esta tribuna, e já fazia alguns dias que eu não vinha. Outro dia, um Vereador esteve aqui, um Vereador que eu respeito muito e sinto a maior alegria por ser amigo dele, mas penso que ele não foi feliz quando citou uma série de Projetos apresentados pelos Vereadores. A meu ver, a menos que eu esteja equivocado no meu juízo, esse Vereador colocou alguns Projetos numa vala, desmerecendo os Projetos de Lei de alguns Vereadores. Entre esses Projetos havia um deste Vereador, Elias Vidal. Foi dada a conotação de que os Vereadores, não tendo o que fazer, começam a inventar coisa sem pé e sem cabeça.

Eu não vou entrar no mérito dos Projetos de outros Vereadores; cada um que apresentou o seu Projeto tem a sua razão, a sua lógica e a sua justificativa. Vou falar do Projeto deste Vereador e aproveito também o período para falar do Projeto da Verª Clênia Maranhão, que também tem a ver com o Projeto que este Vereador, neste momento, apresenta a Vossas Excelências.

Esse Projeto passou as três Pautas, e eu não tive a oportunidade de dar a minha contribuição, a explicação do porquê apresentei esse Projeto. Na realidade, muitas pessoas podem até achar que não tem fundamento o Projeto, ele tem relação com os concursos públicos que caem no sábado.

A Verª Clênia Maranhão apresentou um outro Projeto a respeito dos problemas que os alunos das escolas do Município enfrentam por terem responsabilidades nas horas sabáticas e que, enfrentando um problema de consciência, acabam não respondendo ao ensino dos professores daquele estabelecimento e, muitas vezes, são prejudicados na avaliação e até mesmo na aprovação do seu ano letivo. Esse é um dos Projetos.

Esses dois Projetos, na realidade, estavam inclusos na origem do Projeto que este Vereador apresentou, mas, entendendo que ele se tornaria um tanto inviável e pesado, eu apresentei a metade do Projeto e, sem combinar com a Verª Clênia Maranhão, percebi que ela também estava entrando com a outra parte. Eu havia feito ali uma dicotomia, pensando em apresentá-lo futuramente. Em função do Projeto da Vereadora, após conversar com ela, apresentei uma Emenda, e entramos em comum acordo.

Não é um Projeto tão simples! A questão do sábado, o respeito ao sábado não é uma coisa assim tão simples. Eu vou explicar por que não é tão simples: os senhores são homens religiosos, os senhores são homens de bem, são homens de fé, cujos eleitores acreditam nas Sagradas Escrituras, na palavra de Deus, na Bíblia. Esta Bíblia aqui (Mostra a Bíblia.) é uma Bíblia velha, antiga, das Edições Paulinas, editora católica - eu até marquei com alguns papeizinhos para identificar a leitura, se for o caso. Tenho aqui uma outra Bíblia (Mostra a Bíblia.), tradução da editora Jerusalém, todos os teólogos preferem usar esta tradução. E há uma outra tradução da editora Ave Maria, também católica. Todas as religiões do planeta que se norteiam pela Bíblia se deparam com uma situação apresentada no primeiro capítulo do Livro de Gênesis, que fala sobre a criação do mundo, quando não havia ainda nenhuma religião - nem católica, nem adventista, nem batista, nem sabatista, nem judaica. Esse texto, com tradução das Edições Paulinas, fala sobre o repouso divino, na origem do mundo. Diz o texto, sob o título “repouso divino” (Lê.): “1 Assim foram acabados os céus e a terra e todos os seus exércitos ou ornamentos. 2 E Deus acabou no sétimo dia a obra que tinha feito e descansou no sétimo dia de toda a obra que tinha feito. 3 E abençoou nele cessado de todas as suas obras que tinha criado e feito”.

Então, esse texto fala sobre o sétimo dia da Criação. Se V. Exas pegarem a mesma Bíblia e avançarem dois mil anos, vão chegar ao Êxodo, capítulo 20, ao Sinai - aí já existiam os judeus, já existia o paganismo, já existiam as religiões estabelecidas. E aqui, em Êxodo, capítulo 20, versículo 8, diz o seguinte (Lê.): “8 Lembra-te de santificar o dia de sábado. 9 Trabalharás durante seis dias e farás neles todas as tuas obras. 10 O sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor teu Deus...” - não está dizendo aqui que é de alguma religião, não está dizendo que é de judeu, não está dizendo que é de sabatista, de adventista, de alguma religião; está dizendo que é “o Senhor teu Deus”. E diz assim ainda (Lê.): “... o sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele obra alguma, nem tu, nem teu filho, nem tua filha” e assim por diante. Mais embaixo, diz que Deus abençoou e santificou o dia de sábado.

O que acontece nesses textos? Pessoas que nem religião possuem, mas que lêem a Bíblia ou pessoas de diversas religiões que lêem a Bíblia começam a questionar a santificação, porque eles entram nos Evangelhos - eu não vou ter tempo para ler aqui, posso voltar num futuro próximo para analisarmos -, no Novo Testamento, quando Nosso Senhor Jesus Cristo morreu, foi sepultado, e as mulheres que seguiam Cristo, segundo a Bíblia, descansaram no sábado, segundo seu costume, já após a morte de Jesus. Mas, se nós entrarmos em outros textos, falando sobre o novo céu, a nova terra - que é uma questão de fé, e, para aqueles que têm fé, é uma coisa importante, mas que, para quem não acredita na Bíblia, é uma besteira, é uma bobagem, é uma palhaçada, mas é importante para quem acredita na Bíblia, que crê na volta de Jesus, que crê no novo céu, numa nova terra -, vamos nos deparar com um problema, porque a mesma Bíblia diz que, no novo céu, na nova terra, o sábado será guardado. Então, essas pessoas, independente de placa de religião, têm um problema sério de consciência, quando um concurso público se realiza no sábado, como este Vereador, que teve a posse no dia de Sábado. Eu me recusei a vir aqui nas horas sagradas do sábado, porque, para mim, é importante, o que na cabeça de V. Exª pode até ser uma besteira. Eu estava disposto a perder o mandato a vir no sábado. Então, vejam V. Exas o quanto é importante. O mandato é importante para V. Exas; para mim também é, mas eu estava disposto a perder o mandato a vir aqui no dia de sábado, porque entendo, segundo a minha consciência, que eu tenho seis dias para fazer isso. Milhões de pessoas pensam assim, milhares e milhares de brasileiros pensam assim, muitos milhares de gaúchos pensam assim e porto-alegrenses também.

Então, o que aconteceu? A Ver. Clênia Maranhão e este Vereador trabalharam em cima de dois Projetos dirigidos a essas pessoas que têm esse problema de consciência, para que fossem salvaguardados os seus direitos de fazer um concurso fora das horas dos sábados. Pessoas de qualquer religião, ou sem religião nenhuma, quando se deparam com uma leitura da Bíblia, entendem que o sábado é um dia sagrado e santo e deixam de fazer concursos públicos; pessoas que, no Exército, muitas vezes, vão até presas, porque não tiram serviço no sétimo dia. As religiões dizem que o sétimo dia é o Domingo; aí entra a questão matemática, que eu não vou discutir, não estou aqui dizendo quem está certo, quem está errado.

Para concluir, Sr. Presidente: há dois Projetos que tramitam aqui nesta Casa com relação a concursos públicos e atividades escolares, para que eles não sejam realizados no sábado, do pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado, no seu início e fim, que são as 24 horas, que não é de meia-noite à meia-noite, segundo a Bíblia. Que se dê a chance, o privilégio e a oportunidade de alunos e famílias que têm esse problema de consciência poderem ter o seu direito, porque tão importante é o santo, a imagem que V. Exas. cultuam, como santo e sagrado é o sábado para as pessoas das outras religiões.

Eu agradeço a oportunidade de vir aqui e conto com o apoio dos Srs. Vereadores, que são homens de bem, homens que têm sensibilidade e querem o bem também da minoria. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha nas galerias, nossos telespectadores do Canal 16, hoje eu quero falar um pouco sobre um sistema que, de uma certa forma, veio contribuir muito com o atendimento médico em nosso País, que foi o SUS, Sistema Único de Saúde. No dia 19 de setembro, nós comemoramos 15 anos de sua existência, há também a Lei nº 8.080, instituída há 15 anos, e a Lei nº 8.142, do Controle Social, que instituiu o Conselho Municipal de Saúde e os Conselhos Estaduais de Saúde.

Então, o SUS existe há pouco tempo, há 15 anos, e surgiu como resposta à insatisfação e ao descontentamento existente em relação aos direitos de cidadania, acesso a serviços e forma de organização do sistema de Saúde. Nos anos de 1970, 1980, vários médicos, enfermeiros, donas-de-casa, trabalhadores de sindicatos, religiosos e funcionários de postos e Secretarias de Saúde levaram adiante um movimento nacional, o Movimento Sanitário, com o objetivo de criar um novo sistema público para solucionar os inúmeros problemas encontrados no atendimento à saúde da população. O Movimento orientava-se pela idéia de que todos têm direito à saúde e que o Governo, juntamente com a sociedade, tem o dever de fazer o que for preciso para alcançar esse objetivo.

A Constituição Federal de 1988 determinou ser dever do Estado garantir a saúde a toda a população. Para tanto criou o Sistema Único de Saúde, e, em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, detalhando o seu funcionamento. Portanto o SUS resultou de um processo de lutas, mobilizações, participações e esforços da população brasileira.

E como funciona o SUS? O SUS é o sistema público, organizado e orientado no sentido do interesse coletivo, e todas as pessoas, independente de raça, crença, cor, situação de emprego, classe social, local de moradia, a ele têm direito. O Sistema Único de Saúde tem seus serviços administrados pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais e por organizações, cujo objetivo é garantir a prestação de serviços gratuitos a qualquer cidadão. Em locais onde há falta de serviços públicos, o SUS realiza a contratação de serviços de hospitais ou laboratórios particulares, para que não falte assistência às pessoas. Desse modo, esses hospitais e laboratórios também se integram à rede SUS, tendo que seguir seus princípios e diretrizes.

É bem verdade que o SUS, como não poderia deixar de ser, está em constante processo de aperfeiçoamento. A promoção da saúde à população estará sempre sofrendo transformações, pois, como as sociedades são dinâmicas, a cada dia surgem novas tecnologias que devem ser utilizadas para a melhoria dos serviços e ações de Saúde.

Além disso, temos também como condição essencial para um melhor funcionamento do SUS a participação e mobilização social em seus trabalhos. Podemos dizer que a sua participação é a alma do SUS. Nós sabemos que o Governo implementou inúmeros Programas, e alguns ou a maioria dos Municípios podem participar deles. Vou elencar aqui alguns: Banco de Preços em Saúde-Aids; Banco de Leite Humano; Bolsa Alimentação; Brasil Sorridente; Cartão Nacional de Saúde; Doe Vida, Doe Órgãos; Farmácia Popular; HumanizaSUS; Política Nacional de Alimentação e Nutrição; Programa de Volta para Casa; Programa Etnodesenvolvimento das Sociedades Indígenas; Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo de Útero e de Mama - Viva Mulher; Programa Saúde da Família; Programa de Controle do Tabagismo; QualiSUS; ReforSUS, que é o Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde, que investe na recuperação de rede física de Saúde do País que presta serviço ao SUS, a exemplo do HPS, em Porto Alegre, que recebeu mais de quatro milhões de reais para a reforma física daquela instituição.

Para V. Exas perceberem, nobres colegas Vereadores, o SUS significa muito para a população brasileira, basta que os Municípios e os Estados tenham criatividade de projetos e os encaminhem aos Ministérios para que sejam aprovados, para que os recursos possam vir aos nossos Municípios.

É nesse sentido que o SUS promove a inclusão social e dá uma demonstração clara e precisa de que é preciso avançar muito mais para poder atender à população brasileira com mais dignidade e com mais humanização. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Ver. Elias Vidal, nosso querido pastor... O senhor não é pastor? É teólogo, desculpe-me.

Eu fiquei ouvindo atentamente o seu pronunciamento, tenho a maior admiração por pessoas que têm uma religião, que acreditam na Bíblia, admiro muito as pessoas que têm fé, com isso eu excluo qualquer possibilidade de crítica a respeito daquilo que eu vou lhe perguntar, apenas para um esclarecimento, pois parece que não ficou muito claro um ponto que V. Exª colocou. Vossa Excelência diz que, após o escurecer de sexta-feira até o escurecer de sábado, não trabalham mais. Aí eu lhe pergunto: como é que ficam essas entidades, como o Corpo de Bombeiros, que precisam trabalhar 24 horas? O senhor, se fosse empregado de uma empresa, de uma entidade como o Corpo de Bombeiros, trabalharia no sábado?

 

O Sr. Elias Vidal: Como a religião, essa área da nossa vida que envolve a fé, é uma coisa de foro íntimo, cada um tem o livre arbítrio de escolher a forma que se achar e se sentir melhor. Não posso responder por pessoas que estão em outras atividades. Posso lhe dizer que as pessoas, entendendo pela Bíblia que o 7º dia é um dia especial e que esse dia deve ser usado para fins de adoração, o que tem sido feito de uma forma secular, têm o 7º dia como santo, como especial. Esse dia será dedicado a reflexões espirituais, para trabalhos e atividades ligadas ao próximo, mas não dedicado ao trabalho do dia-a-dia, do ganha-pão. O 7º dia, no sábado, começa com o pôr-do-sol; e normalmente as pessoas já procuram trabalho, atividades, com os quais elas possam fazer uma permuta. Muita gente não gosta de trabalhar no domingo, então, normalmente, existe uma troca do sábado pelo domingo, há uma permuta. E, quando não se consegue a permuta, a pessoa perde o emprego e vai procurar outro. Aí é uma questão de fé.

 

A Srª Maristela Maffei: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, nós vivemos, ainda bem, num Estado laico, e já foram superadas algumas diretrizes que são fundamentais até para que haja o respeito a todos os foros íntimos. Nesta Casa, por exemplo, já superamos a leitura da Bíblia, porque os outros credos devem ser respeitados, para que possa haver harmonia entre as pessoas. Se sou imagem e semelhança e quero respeitar o outro, tenho de respeitar, como foi dito aqui, aquele que faz a sua livre opção religiosa. Agora, quando se quer legislar apenas para um segmento, está-se saindo fora do Estado laico e retroagindo no aspecto jurídico, que é fundamental, no aspecto constitucional. Se eu for considerada uma herege com isso, não há problema nenhum. Voto contra a posição do Ver. Elias Vidal. Acho um sacrilégio, inclusive, em relação ao conjunto e à municipalidade.

E há a questão econômica. E há a questão da vida das pessoas, os acidentes que acontecem no sábado, tudo que diz respeito ao próprio municipal, essas coisas não deixam de acontecer por causa do foro íntimo de um segmento. Obrigada.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado, Vereadora. De qualquer sorte, receba, companheiro Elias Vidal, os nossos cumprimentos, porque não foi nem no sentido de crítica nem de elogio, apenas de esclarecimento.

Fico a me perguntar, citando um exemplo, sobre as famílias da sua religião: quando necessitarem de um serviço no sábado, serviço esse que os próprios não executariam, como é que fazem?

 

O Sr. Elias Vidal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Permita-me, Vereador, só fazer uma observação à Verª Maffei, que falou sobre um segmento como se fosse uma religião. Não é uma religião, são pessoas de diversas religiões. Assim como ela vem aqui defender o direito ao lesbianismo, ao homossexualismo, à parada gay, e nós respeitamos, eu acho que temos de respeitar os outros. Trazem aqui tantos projetos para homossexualismo, não estou jogando pedra, cada um tem o direito de escolher o seu sexo, mas eu acho que agora devemos respeitar.

Vossa Excelência respeita o homossexualismo, não estou aqui jogando pedra, é um direito a pessoa escolher a sua sexualidade, e eu sei que a Vereadora é uma ardente defensora. Aí, os direitos humanos para essa linha podem, e, para quem tem uma questão de fé e quer guardar a sua fé, não há direito. Obrigado, Vereador.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, eu peço que me assegure um tempo. Eu fiz essa provocação toda para lembrar aos caros companheiros que talvez esta tribuna não seja o melhor local para defendermos esse ou aquele segmento religioso. Nesse sentido, parece-me que cada um de nós pode defender o seu segmento religioso dentro dos templos, nos locais apropriados. Como aqui não é, no meu entender, o local adequado, parece-me que esse discurso não deve ser tratado neste microfone. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, alguns colegas, ilustres colegas, ficam muito bravos com algumas colocações que eu faço aqui. Por exemplo, ontem discutiram o chimarródromo uns dez Vereadores. Deixem eu alertar o Sr. Presidente que neste momento preside os trabalhos no sentido de que o chimarrão se toma na hora de lazer, mas, quando se presidem os trabalhos da Casa, o chimarrão não fica muito conveniente.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu ontem pedia adiamento por um dia da discussão do Projeto que trata da Parceria Público-Privada. E eu o fazia com autoridade, sim, porque solicitei à Vice-Liderança do Governo, à querida Verª Mônica Leal, que pedisse urgência para tratar do Processo. Não sei aonde é que foi o Pedido de Urgência! Apareceu o art. 81, o malfadado art. 81. E, com o art. 81, não se vota matéria da mais alta relevância. E eu levantava o problema... Inclusive estou tentando, por telefone, localizar o Professor Edvaldo Brito, que está em Recife, porque ele afirmou que a Parceria Público Privada é uma maldade para os Municípios, dizia ele que só aqueles que têm receita de dois bilhões de reais, receitas próprias, é que podem fazê-la. E, nesse caso, incluem-se apenas dois Municípios do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo. Então, eu não estava fazendo nada de mais, até porque a Comissão de Justiça deu um Parecer muito sucinto para uma matéria dessa expoência.

O nobre Procurador desta Casa, no parágrafo final do seu Parecer, diz (Lê): “De ressalvar, apenas, que a Lei nº 11.079/04, que institui normas gerais para licitação e contratação de Parcerias Público-Privadas, estatui, no artigo 6º, que a contraprestação da Administração Pública não poderá ser feita mediante cessão de créditos tributários [...] afetado pelo conteúdo normativo da parte final do inciso III do artigo 12 da proposição...” Isso não foi analisado pela Comissão de Justiça. Disse que não há óbices! Não há óbices! Aqui está o Jornal do Comércio de hoje (Lê.): “Comitê gestor aprova garantias das PPPs”. Até hoje isso não havia sido decidido pelo Governo Federal como aplicação. Nove meses depois de sancionada a lei que cria a Parceria Público-Privada, o Governo eliminou, na semana passada, o último entrave para permitir que os projetos saiam do papel. Aqui, cria um conselho por decreto...

Então, eu não estou fazendo nada de diferente! Eu quero Parceria Público-Privada, sim! Eu acho que é uma maneira de encontrar emprego, mas nós ficamos brigando sobre chimarródromos! E, agora, também, se nos sábados nós fazemos concursos ou não. Eu queria dizer que o sábado, Ver. Elias Vidal - eu não sei onde ele está -, é o dia escolhido para fazer concurso, sábado e domingo, porque, geralmente, as pessoas não trabalham nesses dias. E eu tenho profundo respeito pela pessoa do Sr. Pedro, que é o zelador do edifício onde moro, que não trabalha no sábado, mas trabalha no domingo. É da igreja do teólogo Elias Vidal. Ele está certo, é possível... Mas Deus é muito grande, criterioso e bom! Ele não vai castigar quem fizer concurso para vencer na vida! Eu acho até que foi Ele que disse: “Ajuda-te, e Eu te ajudarei.” Ele não vai dizer que é pecado fazer o concurso. E não é possível emendar no sentido de que aqueles que não podem fazer o concurso no sábado o façam num outro dia da semana, porque as provas já estarão mostradas! Não há como fazer, mas nós ficamos discutindo isso! E a Parceria Público-Privada vai pelo art. 81. Eu não posso concordar. E é claro que os meus ilustrados colegas, de vez em quando, ficam muito brabos comigo, quando eu digo que nós discutimos coisas que não precisam ser discutidas. Quando nós tratamos de problemas, os mais banais, há trezentos discursos, mas aqueles que são da mais alta relevância nós votamos pelo art. 81. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Mario Fraga está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARIO FRAGA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, estamos usando o Tempo de Liderança do PDT, Partido Democrático Trabalhista, em virtude de um acordo que fizemos na Bancada para que cada dia um Vereador pudesse usar este espaço.

Estamos aqui para falar, infelizmente, da Segurança Pública, em especial a Segurança Pública da Zona Sul e a do Extremo Sul, na parte do Lami, Parque São Paulo, bairro Lajeado, Restinga, Passo da Taquara, Belém Novo, Ponta Grossa e arredores, pois, infelizmente, meu Líder, Ver. Dr. Goulart, que conhece bem a região, está aumentando a violência naquele setor. Na última vez em que estive aqui, eu falei dos dados que traria. E fui olhar os dados do meu outro período aqui, e a violência realmente existia, mas não estava tão prestes, tão à flor da pele como está neste momento, pois numa arrancada de carro a pessoa pode perder a vida; acelerar o carro num determinado momento significa perder a vida.

E nós, no Extremo Sul, estamos mais preocupados com os assaltos às residências, aos sítios e aos estabelecimentos comerciais, em especial aos estabelecimentos comerciais da Restinga. A maioria das pessoas, na Restinga, se conhece, inclusive a gente costuma dizer que conhece até os maus elementos, e está acontecendo um fato curioso: estão vindo maus elementos de outras regiões para assaltar no Bairro. Essa era uma coisa que realmente não acontecia. Hoje estão vindo maus elementos inclusive de Municípios próximos a Porto Alegre para assaltar em nossa Cidade, no Extremo Sul, como também deve estar acontecendo na Zona Norte.

Ao fazer um levantamento do índice de violência no período de 1993 a 1996 e do efetivo, verifiquei que, enquanto a violência cresceu, o efetivo, infelizmente Dr. Goulart, diminuiu na Polícia Civil e na Brigada Militar. Agora, no Governo Rigotto, o Secretário José Otávio Germano fez eles elaborarem dois concursos, o número do efetivo vem se recuperando e está quase igual... E até dezembro, essa é a esperança que estou tentando passar para a nossa população, mais duas turmas estarão prontas para ir às ruas. Na próxima terça-feira haverá a formatura de trezentos novos brigadianos.

Então, em nome da Bancada do PDT, venho a esta tribuna fazer um apelo ao Secretário Estadual de Justiça e Segurança, Deputado Federal José Otávio Germano, para que olhe para a Zona Sul, para que olhe para o Comando da Brigada Militar na região da Restinga, que cuida de toda aquela área e que está com pouco efetivo para cuidar de uma extensão significativa da área de Porto Alegre. A Zona Sul toda representa 47% da área de terra de Porto Alegre. Apelamos ao Secretário para que desloque alguns dos trezentos brigadianos dessa nova turma, que estará se formando no dia 27, para a Zona Sul, em especial para o Batalhão do Comandante Batista e do Major Cidade, na Restinga. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. N. 2925/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 138/05, de autoria do Ver. Adeli Sell, que denomina Passarela Sônia Duro a passarela de pedestres sobre a Avenida Ipiranga, localizada em frente ao número 6681, Campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, no Bairro Partenon.

 

PROC. N. 5018/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 241/01, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que inclui art. 72-A na Lei n. 6.309, de 28 de dezembro de 1988, e alterações posteriores, que estabelece o Plano de Carreira dos Funcionários da Administração Centralizada do Município, estabelecendo uma gratificação de 50% do valor básico inicial do cargo aos funcionários da Secretaria Municipal da Saúde, quando lotados e em exercício em locais da Gerência Distrital do Extremo Sul/SMS.

 

PROC. N. 5244/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 125/05, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que altera a Resolução n. 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores, incluindo art. 139-A e parágrafo único no art. 154, criando critérios para a utilização da tribuna por ocasião do Grande Expediente e do comparecimento de autoridades.

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa) Ausente. A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, nobres Pares Vereadoras e Vereadores, comento um Projeto de Lei de autoria do Ver. Dr. Goulart que se encontra na Pauta, ele trata do Plano de Carreira dos funcionários públicos municipais. Não quero discutir a inconstitucionalidade deste Projeto, seu vício de origem, que muito possivelmente tem, porque implica aumento de cargos, aumento de gastos para o Executivo. Ele cria uma gratificação para um grupo de funcionários de uma Secretaria, quando lotados em determinada região. Eu quero discutir o seu mérito, porque participei diretamente da longa luta dos municipários por um Plano de Carreira que desse conta das suas especificidades, que estimulasse a formação e a qualificação gradativa dos funcionários, que estimulasse a sua progressão na carreira através da valorização do tempo de experiência, através do bom desempenho no seu trabalho.

O Plano de Carreira é uma luta antiga que apenas os professores municipários conquistaram. E conquistaram muito pela luta nacional dos trabalhadores em Educação, pela luta da CNTE, pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, que conseguiu escrever, na Constituição de 1988, que os professores no Brasil seriam valorizados através da carreira, conseguiu condicionar, inclusive, os recursos públicos. Isso deu força para os professores municipais. Eu tenho de reconhecer, sim, que isso ocorreu na gestão do então Prefeito Alceu Collares, da então Secretária Neuza Canabarro, e eu já era da Associação dos Trabalhadores em Educação, quando fazíamos um debate muito duro com o Governo Municipal para a constituição desse Plano.

Já os municipários tiveram inúmeras oportunidades de discutir um Plano de Carreira e nunca conseguiram chegar a um ponto de consenso e de acordo com o Governo, em todos da Administração Popular. Eu pude participar da elaboração do Plano de Carreira, durante a gestão do Simpa, quando fomos mais longe, nos anos de 1995 e 1996. Andei em todas as seções do funcionalismo desta Cidade discutindo uma proposta de Plano de Carreira. Nós constituímos um fórum do Plano de Carreira, e, quando terminou aquela gestão, ele foi engavetado; mudou o Governo Municipal, e mudou a gestão do Simpa.

Eu diria que os municipários não chegaram a construir um Plano que trataria igualmente todos os municipários, porque perderam um Sindicato representativo da categoria. Não tinham mais como ter uma única voz, um único local, uma única representação que fizesse a interlocução com o Governo em relação à carreira. É um tema muito complexo, extremamente complexo: ou o funcionalismo se organiza, ou acontece o que aconteceu na seqüência.

E nós, naquela gestão, estivemos nesta Câmara de Vereadores brigando contra gratificações que cindiram o funcionalismo, que foi a aprovação da GIT, que aconteceu naquele ano, no ano de 1995 ou 1996, não lembro bem. A Gratificação de Incentivo Tecnológico para os técnico-científicos dividiu a categoria, não que não tivesse méritos, que não tivesse que ser valorizado o técnico-científico, na forma de uma carreira, na forma de uma gratificação, mas a nossa discordância é de que não era uma construção da categoria, uma construção que unificasse a categoria. Então, essa gratificação, Ver. Dr. Goulart, novamente cindiu a categoria, novamente não respondeu ao anseio de uma carreira que os municipários, inclusive os técnico-científicos, os trabalhadores da Saúde reivindicam há muitos anos, eles não conquistaram exatamente pela sua divisão, exatamente por perder o Sindicato representativo. Claro que há a responsabilidade também dos Governos, mas fica muito mais difícil quando a categoria não consegue lutar unida. Então, as gratificações fizeram, em Porto Alegre, o efeito nefasto de dividir a categoria, criaram-se estratificações que, na verdade, não são verdadeiras valorizações da carreira, que não são incorporadas à aposentadoria e que, portanto, não respondem à luta dos municipários. Acho complicado este Projeto em função dessa história toda.

Por fim, faço o registro de que foi muito importante, na última segunda-feira, termos votado o apoio à luta dos municipários, porque a luta por uma política salarial faz o mesmo sentido do Plano de Carreira. A política salarial valoriza todos os funcionários, unifica a categoria e, com certeza, responde muito mais a um funcionalismo motivado e que trabalha bem do que gratificações aqui, lá e acolá, que só cindem a categoria. Obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. A Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, gostaria de discutir o Projeto de Resolução nº 125/05, de minha autoria, que altera a Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores, incluindo o art. 139-A e parágrafo único no art. 154, criando critérios para a utilização da tribuna por ocasião do Grande Expediente e do comparecimento de autoridades.

Fiquei motivada a trazer à discussão esse Projeto de Lei para que possamos, por intermédio do nosso Regimento, cada vez mais clarear a redação e também fazer uma boa interpretação do que quer dizer, no Regimento, um comparecimento e o que significa o Grande Expediente. O comparecimento, da forma como tem acontecido, no seu art. 139, do Regimento, não está claro: ele é muito amplo, ele abre a questão, e fica muito a critério do Presidente da Casa dizer de que forma ele tem que ser regrado. E nós temos presenciado, por diversas vezes, esse recurso ser utilizado como homenagens, como saudações às mais diversas entidades e não a autoridades municipais ou estaduais, inclusive autoridades civis do Município recebem homenagens.

Ora, se nós observarmos o que dizem os artigos 138 e 139, que fazem um regramento para o comparecimento das autoridades municipais, veremos que a primeira vez, nesses oito meses desta gestão, que nós tivemos, de fato, um comparecimento municipal na Sessão de segunda-feira foi quando o Secretário de Transportes esteve aqui colocando, fazendo uma explanação do trabalho da Semana Nacional de Trânsito, podendo, então, os Vereadores se inscreverem e fazerem as suas observações. Pela primeira vez eu digo que nós usamos corretamente o comparecimento de uma autoridade, as demais ocasiões que presenciamos neste Plenário foram para homenagens, foram para comemorações, usando de forma inadequada esse recurso tão importante para nós.

Nós já temos, no senso comum entre as pessoas da cidade de Porto Alegre, uma grande dificuldade: tacham-nos, assim como à Câmara Municipal, de estarmos aqui só para fazer homenagens, render homenagens, só para entregar Prêmios. Nós queremos, então, com isso, fazer o regramento do que diz ser, de fato, o comparecimento aqui na Câmara Municipal, sobretudo abrindo, inclusive, espaço para que as autoridades estaduais e federais possam estar vindo a esta Casa colocar sobre os projetos dos Ministérios, das Secretarias, e, assim, haver um diálogo, de fato, com os Vereadores desta Casa, e não mais ser um período de homenagens para as entidades civis.

Quando colocamos a questão do Grande Expediente, também é com a intenção de que haja, realmente, um regramento sobre o Grande Expediente. Eu lembro que a Comissão que trabalhou, no ano passado, a questão do Regimento Interno propondo alterações estabeleceu um grande debate sobre a fundamentação e a importância do Grande Expediente nesta Casa. Para que serve um Grande Expediente? Serve para o debate político de idéias, é o momento em que os Vereadores trazem as suas idéias, e aí o tempo passou de cinco para dez minutos, para que, de fato, pudéssemos discutir temas relevantes à Cidade, tais como segurança, saúde, educação, direitos e defesas da criança e do adolescente, das mulheres, dos negros. Os debates, por exemplo, que vimos hoje no Grande Expediente, pela Verª Neuza Canabarro e pelo Ver. Ibsen Pinheiro, tiveram temas relevantes propostos como debate público deste Parlamento. Diferente do que temos visto acontecer aqui. Também o Grande Expediente tem servido, para este Plenário, para que se façam homenagens, para que se rendam homenagens. E aí, nós, lamentavelmente, ocupamos um tempo enorme com homenagens, atrasamos a Ordem do Dia, acabamos entrando na Pauta e na Ordem do Dia muito tarde e, por vezes, não conseguimos, de fato, votar projetos importantes.

Então, esse Projeto, essa proposta de Resolução encaminhada à Mesa Diretora é justamente com a intenção, com o objetivo maior de que, efetivamente, possamos estar estabelecendo um grande debate entre os Parlamentares com os temas de interesse e de relevância para a Cidade e que possamos, cada vez mais, diminuir essas homenagens que fazemos aqui em Plenário. Existem períodos específicos, a exemplo do período de Comunicações, em que podem ser feitas essas homenagens. Então, nós queremos reduzir esses espaços, para que eles possam, de fato, cumprir com o objetivo maior, que é o debate sobre temas tão importantes e relevantes para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigada, Sr. Presidente.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu hoje poderia dizer: aleluia, aleluia, só há três novos Projetos! O primeiro deles, de autoria do Ver. Adeli Sell, denomina uma passarela na Av. Ipiranga; o segundo, de autoria do Ver. Dr. Goulart, propõe um benefício para aqueles servidores do sistema médico que estão distantes da área central, como, por exemplo, lá no bairro Restinga. Sem dúvida nenhuma, ele tem toda a razão, só que o Prefeito vai dizer que o Projeto tem vício de origem, e, também, por outro lado, não está indicado de onde virão os recursos. E o terceiro Projeto, de autoria da Verª Maria Celeste, contém a assinatura de vários Vereadores - inclusive a minha -, dando ordem, disciplinando, arregimentando esse famoso comparecimento, que, agora, tem sido feito todos os dias nas nossas Sessões, perdendo-se tempo e, às vezes, até criando algumas celeumas, como foi o caso, há alguns dias, da Fracab, que não era a Fracab. O que a Verª Maria Celeste deseja e mais Vereadores desejam é que o comparecimento seja de autoridades, para que possam expor um problema de interesse à Cidade (Lê.): “O comparecimento a que se refere o art. 139 poderá ser estendido a autoridades políticas estaduais ou federais, quando essas objetivarem a divulgação ou esclarecimento de projetos ou políticas de interesse do Município, excetuando-se homenagens e comemorações que se regem por outros dispositivos desta Resolução.”

Mas, Verª Maria Celeste, lamentavelmente, para essa matéria, não se pode pedir o art. 81, porque eu quis pedir o art. 81 para o Projeto de Resolução que vários Vereadores assinaram, não somente este, para que os Vereadores-Secretários recebessem o seu dinheiro pela Prefeitura, e ele está ziguezagueando e não sai do lugar. Não sai do lugar, não sai da primeira Comissão! E não se pode pedir o art. 81. Oh, sinuosos são os caminhos! E, se pensassem bem os Secretários, sabendo da dificuldade financeira que enfrenta a Câmara Municipal, viriam aqui e diriam: “Nós vamos receber pela Prefeitura, sim. Nós temos outras vantagens de estar lá!” Por que, então, a disputa tamanha de alguns que quiseram ser Secretários, se não há vantagem em ser Secretário? Por quê? Eles poderiam calmamente dizer: “Os servidores da Câmara estão mal nos seus vencimentos, o Presidente está atrapalhado para pagar, então, nós vamos ajudar, nós não vamos mais receber.” Isso dava quinhentos mil reais num ano. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, nesta Casa nós votamos nomes de ruas, fazemos homenagens, votamos Projetos como o Plano Diretor, o Plurianual, a LDO, o Orçamento, há um conjunto de fatos importantes que acontecem, que se concretizam e que dizem respeito a cada um e ao seu segmento. É óbvio que existem algumas coisas, muitas vezes, que acabam saindo daquilo que rege o bom senso.

Quero parabenizar a minha companheira Verª Maria Celeste, porque o seu Projeto não é um Projeto menor, não. Nos recessos é que acontecem, muitas vezes, as críticas desnecessárias de fora. Assim como nós legislamos e estamos sempre atentos aos fatos que ocorrem na Cidade - esse é um papel do Vereador -, também os meios de comunicação, a sociedade, enfim, têm um olhar crítico para o nosso trabalho. Então, esse Projeto da Verª Maria Celeste vem para coibir um excesso, uma falta de respeito com os Pares, com o Regimento e também diz à sociedade que, de fato, estamos preocupados. Não pode, simplesmente, cada Presidente, cada segmento que se compõe nesta Casa estabelecer um critério porque detém uma maioria, porque está sentado naquela cadeira e pode definir. Não! Somos uma Casa que se compõe de várias Bancadas, que tem uma democracia interna e que nós temos de respeitar. Muito mais do que ter maioria é importante respeitar aquilo que está no Regimento e que é de bom senso.

Portanto, o comparecimento não pode virar uma gandaia, com todo o respeito. E isso, inclusive, diz respeito, muitas vezes, a pessoas que vêm aqui, que, daqui a pouco, quando se restabelecer novamente com aquilo que diz o bom andamento desta Casa, até vão ficar chateadas, porque vão se sentir cerceadas. Vai-se criando uma cultura equivocada. E o comparecimento é muito claro, a Verª Maria Celeste restabelece aqui o princípio daquilo que está claro, ela repõe objetivamente um processo que deveria ser levado a pleno pelo nosso Regimento quando dos comparecimentos em geral. Temos horário para começar, temos horário para terminar, e isso não tem sido obedecido; dependendo de quem vem aqui, as coisas são colocadas de uma forma ou de outra. Esta é uma Casa de Parlamentares que tem que ter responsabilidade, e a Verª Maria Celeste está trazendo aqui algo que nós não podemos deixar de colocar para a sociedade que está nos assistindo, que está nos observando.

Eu sei, Presidente, que não estão mais em Pauta alguns Projetos a respeito dos quais eu não tive tempo de falar, como, por exemplo, o da Lomba do Pinheiro, o do Calendário Oficial da Cidade, porque ontem foi a última Sessão em que correram Pauta. Mas eu ouvi várias críticas e acho que não há problema algum nisso, desde que sejam críticas construtivas, e tenho o maior orgulho disso. Quero me referir à fala da companheira Verª Margarete Moraes ontem. Provavelmente, para alguns formadores de opinião desta Cidade, alguns pressupostos, alguns paradigmas de polis, de cidades, passam apenas pela trilha que ele faz do trabalho para a casa. Eu vejo a civilidade, os direitos humanos e uma cidade com um todo, assim como a sociedade. Portanto, a nossa querida Lomba do Pinheiro faz parte da Cidade. E só para deixar um recado para quem não sabe - Ver. Sebenelo, desculpe-me, quero fazer referência ao que V. Exª também colocou: na Lomba do Pinheiro está localizado o único manancial de água potável de Porto Alegre, caso aconteça um acidente - se Deus quiser, não acontecerá - no nosso Lago Guaíba. Portanto, vamos respeitar aquilo que também não passa pelo pensamento de alguns: ter um olhar do conjunto com um olhar civilizado. Muito obrigada, Sr. Presidente, pela tolerância.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, venho falar em momento de Pauta sobre a importância, Vereadores, de votarmos um Projeto que apresentei aqui nesta Casa inspirado nas grandes dificuldades vivenciadas junto à Saúde Pública de Porto Alegre.

Nós temos como consenso universal o também universal acesso à Saúde. Depois da Constituição, a Saúde Pública e esse princípio básico da humanidade ficaram prejudicados em determinadas regiões do Brasil. Não é diferente com a Região do Extremo Sul de Porto Alegre, aquela região que o Ver. Mario Fraga citava ainda há pouco como uma região onde cresce a violência e em relação à qual ele fez aqui um grande apelo. E o apelo que faço a V.Exas. é que permitam a votação do Projeto que permite melhor acesso aos funcionários do SUS àquela região, porque, a despeito de as pessoas morarem perto dos seus postinhos de saúde, no Lami, na Região da Extrema, em Belém Novo, em Itapuã e em todas as outras regiões, para lá não vão os funcionários da Saúde. Os médicos não querem ir para essa região, que dista do Centro da Cidade 30 Km, 40 Km, 45 Km, o que faz com que a viagem demore 40 minutos, 45 minutos de carro, com gasto de gasolina, ou uma hora, ou mais do que uma hora de ônibus.

Então, aquelas queixas de que não funcionam as Unidades de Saúde, os postinhos do Extremo Sul, poderão ser agora saneadas, com aceitação, por parte do Prefeito, de um aumento de 50% não-acumulável com vantagens, 50% sobre o salário para os médicos e funcionários da Saúde dessa região. Pelo menos assim ficará convidativo exercer essa bela profissão, uma vez que a gasolina pode ser paga, a alimentação pode ser paga, e não do parco pequeno salário - que também é nossa preocupação - dos funcionários da Saúde como um todo, em especial do Extremo Sul.

Claro que o legislador tem que ser cuidadoso, o legislador não pode dispor do Orçamento da Prefeitura, ele tem antes de conversar com o Secretário, com o Prefeito, com os técnicos da Secretaria. E foi o que fizemos. O Prefeito aceitou receber essa indicação de um aumento de 50% no salário dos funcionários da Saúde que têm difícil acesso, especificamente os da Região do Extremo Sul. E os outros? Ah, os outros nos preocupam também, não pelo difícil acesso, mas pelo pequeno salário que ganham. E aí, então, apoiado pela minha Bancada, a do PDT, atrevi-me a pedir para o Secretário de Saúde e para o Prefeito que recebam a nossa vontade de fazer uma comissão externa - Câmara dos Vereadores, Executivo, representantes dos funcionários, sindicatos -, para que se instale, de uma vez por todas, o Plano de Carreira, cargos e salários da Saúde, sem o que não haverá avanço no SUS, sem o que não poderemos trabalhar, sem o que a democracia fica agredida, porque povo sem saúde é um povo pouco esperto. Então, começamos interferindo aqui no plano de pagamento, com 50% de aumento, Ver. Comassetto, para podermos ter funcionários e médicos lá na nossa região, na região em que a gente trabalha.

Volto a dizer: no Extremo Sul, região com a qual V. Exª se preocupa, Ver. Fraga, nós temos uma preocupação que também é sua: a de levar saúde da melhor maneira possível, de maneira mais convidativa, que é com o aumento, volto a dizer e insisto, de 50% do salário básico dos funcionários e médicos da Saúde. Assim, uma vez aprovado o Projeto por todos os Vereadores desta Casa, o Prefeito vai acolher como iniciativa sua, tirando qualquer vício de origem que possa existir, porque já prometeu a este Vereador que vai fazer isso. Aí, talvez, a gente não tenha que reclamar tanto do atendimento tão conturbado por falta de funcionários e de médicos na Região do Extremo Sul: Belém, Restinga - socorra-me, Vereador, que outras regiões? -, Lami, Chapéu do Sol, Ponta Grossa. Todas essas regiões terão os seus funcionários da Saúde com um salário um pouquinho melhor, mais convidativo, e aí nós poderemos celebrar o acesso quase integral da nossa terra à Saúde. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Está encerrado o período de Pauta da presente Sessão.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Já foi iniciada a discussão do PLE nº 010/05.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria de ponderar que não necessariamente deveríamos começar com o PLE nº 010/05; solicitamos cinco minutos para chegarmos a um acordo sobre o que votaremos na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Perfeitamente de acordo, Verª Sofia Cavedon.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Muito obrigada.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h38min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 16h46min): Estão reabertos os trabalhos.

A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para um Requerimento.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Sr. Presidente, como não tivemos acordo, encaminho Requerimento para que, em primeiro lugar, discutamos o Veto Parcial ao PLE nº 009/05, o Plano Plurianual; em segundo lugar, Projeto do Ver. Raul Carrion...

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Peço, por gentileza, silêncio. Há uma Vereadora ao microfone apresentando um Requerimento. Obrigado.

Vereadora, a palavra é sua.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Em segundo lugar, então, o PR nº 041/05. São esses dois, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há duas propostas em relação à votação dos Projetos na Ordem do Dia. Eu pergunto a V. Exª qual o procedimento de votação em relação aos Requerimentos.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Se existirem dois Requerimentos diferentes, eu vou colocar em votação o primeiro; se for aprovado, vamos trabalhar o primeiro. Se houver algum outro, caso rejeitado o primeiro, será automaticamente aprovado o segundo. (Pausa.) A Diretoria Legislativa me informa que eles irão à votação separadamente. Não há um segundo Requerimento, Verª Clênia Maranhão?

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Requerimento): Eu gostaria de apresentar. A proposta que nós fazemos, consultadas as Lideranças da base do Governo, é que a prioridade de votação seja dada ao Projeto de Lei que já estava em discussão na tarde de ontem, referente às Parcerias Público-Privadas; que a Mesa desse prosseguimento à votação do Projeto já em discussão.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu reitero aos Srs. Vereadores que não sejam postergados os trabalhos desta Casa.

Em votação o Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon. (Pausa.) O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, vou solicitar a atenção de V. Exas. para essa temática, porque o assunto é de alta relevância, V. Exas entenderão o porquê dessa solicitação.

Hoje de manhã, na nossa Comissão de Economia Finanças e Orçamento, o Vereador-Relator da LDO, que é o Ver. Luiz Braz, fez um Relatório, só que se criou um impasse: como nós vamos aprovar um Relatório da LDO, se não aprovarmos o Plano Plurianual? O que estamos propondo? E este é o entendimento... E hoje de manhã conversei com a Verª Clênia para que houvesse este entendimento. Verª Clênia, gostaria que V. Exª prestasse a atenção, porque quero fazer este encaminhamento, que eu acho importante. Ora, são apenas dois Vetos do Plano Plurianual, e o que este Vereador entende? Se nós votarmos o Veto do Plano Plurianual, finalizaremos a questão do Plano Plurianual, e estará desobstruída a questão para podermos, amanhã - e foi o Presidente João Dib que deu vista de 24 horas -, aprovar a LDO. Por exemplo, há uma questão que é relativa ao funcionário da Câmara, do Sindicâmara, uma Emenda que foi vetada e que nós queremos discutir no Plenário, ela está intimamente ligada à questão da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Então, vou solicitar o bom senso dos Vereadores da situação, porque entendemos que o Veto, ao ser analisado e apreciado... E isso vai se dar de uma forma muito sucinta, muito rápida, acho que, num espaço de trinta minutos, nós teremos todas as condições de votar o Veto.

Acho importante, mais do que nunca, para o bom andamento da Casa, nós votarmos primeiro o Plano Plurianual, porque, volto a dizer, como vamos votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, na Comissão, sem termos definida a questão do Plano Plurianual? Ora, tem-se uma seqüência: o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e, depois, o Orçamento. É impossível, pelo menos no entendimento deste Vereador, votarmos a LDO e depois o Plano Plurianual. E eu quero dizer mais: daqui a dez dias, vai coincidir a LDO com o Orçamento, que virá para esta Casa. Então, na realidade, é uma questão cronológica, a questão temporal é vital. Por isso volto a repetir que entendo que a base do Governo deveria ser a maior interessada para que agilizássemos esse processo; infelizmente parece que não é esse o seu sentido. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, o que me impressiona são as sumidades, as pessoas que não têm respeito pela ordem, pela Lei Orgânica, pelo Regimento Interno. Eu acho que eu deveria rasgar o Regimento Interno, porque não há razão da existência de Regimento Interno... Aqui está escrito, com todas as letras, que o Orçamento, na forma do Regimento Interno, deve ser incluído na Ordem do Dia até o dia 20 de novembro de 2005 - Regimento Interno, art. 120, inc. VIII.

Qual a razão de votar essas PPPs? Qual a pressa? Quem sabe me dizer quanto será usado nas PPPs? Pergunto para as sumidades aí: quanto será disponível para ser usado nas PPPs? E será que nós teremos condições de usar imediatamente?

Agora, nós temos que fazer a LDO para o Prefeito fazer o Orçamento, e as sumidades aqui, às vezes, somem mesmo, só vêm na hora de complicar. Eu acho que nós temos que votar o Veto, não há outra coisa para fazer; ou nós não vamos votar a LDO também. Nós convocamos extraordinariamente a Comissão de Finanças hoje, convocamos extraordinariamente para amanhã, já com atraso, e as sumidades estão querendo aqui votar as PPPs. Quanto será aplicado nas PPPs? Será que as sumidades sabem dizer? Eu voto para que seja votado em primeiro lugar o Veto, e não as PPPs, para ouvir quarenta discursos? Nós não temos que fazer discurso para o Veto, está claro o que deve ser feito, não há motivo para fazer isso aí, mas os donos da verdade querem votar as PPPs e nem sabem direito o que são as PPPs. Nós vamos votar as PPPs sob a égide do art. 81 - uma matéria da mais alta relevância, um Parecer de dez linhas, e a Casa não discutiu. E nós vamos votar as PPPs porque alguém quer, ou nós somos homens responsáveis? Saúde e PAZ! (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, prezados colegas Vereadores, colegas Vereadoras, público que nos assiste: eu, como sou um legislador de primeiro mandato, vou aproveitar esta oportunidade, sim, para consolidar um aprendizado. E creio que o Ver. João Dib aqui nos é professor, em todos os momentos, sobre as condutas de defesa dos nossos regimentos, da legislação do Município, seja da Lei Orgânica ou do Regimento Interno desta Câmara.

Venho aqui defender o Requerimento encaminhado pela Verª Sofia Cavedon, que apresenta para votarmos, em primeiro lugar, o Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo Municipal, o Plano Plurianual. Bem, se o Veto tranca a Pauta, nós temos de votá-lo. Se o Veto é do Executivo, por que não analisarmos? Já que nós aprovamos o Plano Plurianual, que nos remete à segunda construção para a vida da Cidade, que é a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e o Regimento Interno diz que a LDO, no dia 21 de setembro de 2005, já deveria estar entrando em discussão. Creio que é muito tranqüilo aqui, muito óbvio que nós temos de analisar hoje o Veto do Sr. Prefeito em primeira instância, para dar continuidade à vida da Cidade. Plano Plurianual versus Projeto das Parcerias Público-Privadas, que é um Projeto que pode, sim, aguardar e ter uma discussão com mais tempo e de forma mais aprofundada na Casa. Por que votarmos de afogadilho o Projeto das Parcerias Público-Privadas, que, pela lei federal, são parcerias feitas com instituições ou empresas privadas para projetos com vinte milhões ou mais? Bom, isso necessita, nesta Casa, de um aprofundamento, de um entendimento com qualidade.

No caso aqui, o Sr. Prefeito Municipal apresentou um conjunto de Vetos, e esses Vetos que dizem respeito a alguns dos Srs. Vereadores e das Vereadoras não merecem a análise desta Casa? Por que não queremos enfrentar esses Vetos? O que está acontecendo, Vereadores e Vereadoras? Então, nós temos que responder aqui a duas questões básicas: a primeira, é se vamos cumprir ou não o Regimento; a segunda, é se vamos ou não analisar os Vetos e as Emendas, sejam de quem for. É prioritário e primordial que essas duas questões sejam respondidas.

Portanto, fazemos um apelo à base do Governo, que está na contramão da afirmação política do nosso Regimento e da relação desta Casa com o Executivo Municipal, porque o Veto não é do nosso Prefeito, é do Prefeito da situação. Agora, eu não vejo por que a base do Governo não quer analisar os Vetos do seu Prefeito, que trancam a Pauta, e o Projeto seguinte, que é prioritário para esta Casa.

O segundo Projeto apresentado no nosso Requerimento é o de autoria do Ver. Raul Carrion, referente a uma dívida que esta Casa tem, sim, com a população negra, disponibilizando locais desta Casa para que aconteçam eventos aqui durante a Semana da Consciência Negra. São dois temas relevantes, de importância: um é o Veto do Sr. Prefeito Municipal, que diz respeito ao nosso Regimento; o outro é com relação à nossa sociedade, que é a Semana da Consciência Negra de Porto Alegre. Peço o voto favorável dos colegas Vereadores e Vereadoras para o Requerimento apresentado pela colega Verª Sofia Cavedon. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo. Sr. Presidente, demais Vereadores e Vereadoras, encaminho favoravelmente este Requerimento, Verª Neuza Canabarro; inclusive, eu preferia o meu Projeto inicialmente, mas abri mão, porque me comprovaram que a votação do Veto ao PPA tem uma urgência sobre qualquer outro Projeto nesta Casa, como já muito bem defendeu o Ver. Dib e como consta na recomendação da Diretoria Legislativa: até o dia 21 de setembro, ele deveria estar incluído na Ordem do Dia, e, no dia 26 de setembro, já teríamos a discussão geral e votação do Projeto da LDA.

Como vamos discutir e votar a LDO, se o Plano Plurianual ainda não está definido? Se há um Veto e esta Casa ainda não o apreciou? Então, o Município vai ficar sem Orçamento? Acho que o Ver. Dib está muito correto em perguntar por que tanto açodamento em votar a PPP, vota-se por meio do art. 81, sem que um Projeto dessa importância, dessa magnitude, passe pelas Comissões de mérito? O que acontece nesta Casa? Agora vamos atropelar as Comissões? Onde está a valorização da Casa?

Em segundo lugar, Ver. Dr. Goulart, que é um lutador também pela etnia negra, por que quero votar o segundo Projeto? Nós queremos votar porque ele faz uma reserva de espaços para a Semana da Consciência Negra. Desde janeiro esse Projeto está na Casa, e nós o modificamos para que não se diga que estamos interferindo nas decisões da Mesa. A Mesa vai definir, Ver. Nedel, quais são os espaços, quais os dias, mas nós queremos que os negros tenham os espaços garantidos durante a sua Semana.

E hoje não há essa garantia. Hoje qualquer Vereador, e no seu legítimo direito, reserva, se quiser em março, no dia 20 de novembro, no dia 15, no dia 19, no dia 14, e, quando a Comissão se reúne para fazer a programação, os espaços já estão bloqueados. Se alguém alega não haver esse direito, dessa Resolução, porque a Mesa é quem deve fazer, eu quero chamar a atenção dos Vereadores de que nós fizemos, no dia 7 de janeiro, Ver. Ibsen Pinheiro, um Requerimento à Mesa para que, neste ano, nos 170 anos da Revolução Farroupilha, houvesse uma programação especial na Semana. Pois bem, a Mesa não aceitou. Disse que era responsabilidade da Mesa, Ver. Nedel. E eu pergunto: qual foi a programação que a Mesa fez para os 170 anos da Revolução Farroupilha? Nenhuma! Impediu que o Requerimento deste Vereador fosse votado, porque se tratava de uma atribuição da Mesa, mas a Mesa não fez uma única medida, uma única programação. Meus senhores, eu quero, através desse Projeto, garantir que a Semana da Consciência Negra tenha os seus espaços, tenha os seus direitos.

Por isso, primeiro, voto para que o Veto ao PLE seja aprovado e, segundo, para que a Mesa decida sobre como será a Semana da Consciência Negra, que tenha uma resolução determinando, Ver. Almerindo Filho, que durante a Semana da Consciência Negra haja espaços disponíveis.

Para concluir, eu quero lembrar que, há uns dois anos, no dia 20 de novembro, que é o Dia de Zumbi, estavam os negros aqui no Salão Glênio Peres, socados um em cima do outro porque este Plenário, o Otávio Rocha, estava sendo usado para uma homenagem aos italianos. Nada contra os italianos, mas vejam bem: no dia 20 de novembro, que é consagrado à Zumbi!

Então eu queria dizer que esse Projeto não nasceu da minha cabeça, nasceu da comunidade negra, que pediu, solicitou, que foi a todas as Bancadas solicitar esse espaço. Por que não se vota? Qual é o problema? Será que os Vereadores, agora, não têm mais possibilidade de apresentar requerimentos, de apresentar projetos de resolução? Não há aqui o dono da Casa; há Vereadores em pé de igualdade e Vereadores com funções atribuídas, que não podem retirar atribuições do conjunto dos Vereadores. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, eu quero me ater ao Projeto de Resolução do Ver. Raul Carrion, sobre o qual ponderei à Casa da sua inconveniência e da sua usurpação quanto às funções e prerrogativas da Mesa. Eu penso que os Srs. Vereadores leram a referida proposição, o referido Projeto de Resolução (Lê.): “Reserva o Salão Glênio Peres, a Avenida Cultural Clébio Sória, o T Cultural Verª Tereza Franco, o saguão do Salão Adel Carvalho, o saguão do Plenário Otávio Rocha e o saguão do Correio da Câmara Municipal de Porto Alegre durante a Semana da Consciência Negra”. Esse é o Projeto do Ver. Carrion, ou seja, ele quer algemar a Casa! Mas vai daqui, vai dali e vem com a tal de Emenda. Olhem só a Emenda, observem a Emenda.

Não vai jogar a Casa, não vai jogar esta Presidência e muito menos a Mesa contra o Movimento da Consciência Negra. Olhem só o que diz a Emenda do Ver. Carrion (Lê.): “A Câmara Municipal de Porto Alegre disponibilizará espaços próprios para promoção de atividades artístico-culturais relacionadas à etnia negra durante a Semana da Consciência Negra”. Pois, se já existe a Semana da Consciência Negra, que se desenvolve a pleno, historicamente na Casa, como o Plenário da Casa é puxado a conceber uma lei, fazendo parecer perante a Consciência Negra que a Casa não quer dar espaço ao Movimento da Consciência Negra? Vênia, vênia! O oportunismo tem lugar, mas não aqui, pelo amor de Deus!

Lá na Mesa eu sou absolutamente imparcial; aqui, agora, na tribuna, eu exerço na plenitude os meus entendimentos. Então fica claro, solar, de que se trata de uma manobra - e eu quero denunciar essa manobra -, de uma exploração para jogar a Casa contra o Movimento da Consciência Negra. Primeiro, pretendia-se dar exclusividade, durante a Semana da Consciência Negra, de todos os espaços da Casa, o que significa dizer que durante a Semana da Consciência Negra nem o Plenário poderia funcionar! É textual, é textual, é textual a redação do Ver. Raul Carrion. É textual. E o Vereador faz uma Emenda. A Emenda diz que a Mesa terá que disponibilizar espaços à Semana da Consciência Negra, como se a Casa estivesse negando alguma coisa à Consciência Negra! Aí nos joga, a todos, contra a Consciência Negra.

Bem, se isso aí não é tentativa de usurpação das prerrogativas e competências da Mesa, eu não sei o que é usurpação. E, se isso aí não é uma tentativa de incompatibilização, próprio de atitudes...Ver. Raul Carrion, que usa, muitas vezes, o movimento social, é aquele Vereador que mais ocupa os espaços da Câmara, é o Plenarinho, o Ana Terra, para fazer palanque eleitoral! Estou denunciando-o aqui: está usando a Casa a serviço do palanque eleitoral! E o faço aqui na forma regimental. Verª Manuela d’Ávila, se não lhe agradou, é sinal de que eu estou dizendo a verdade.

Então, fica aqui essa manifestação contrária a essa tentativa. A Casa é extremamente democrática, a Casa disponibiliza os espaços. Haveremos de legislar, dizendo que a Casa tem que disponibilizar os espaços, se os espaços serão entregues? Portanto, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, fica aqui a nossa manifestação para que a Casa não aceite essa situação que a compromete perante a Consciência Negra, que não tem nada a ver com isso. Nada tem a ver a Consciência Negra com o que está ocorrendo nesta tarde aqui na Casa! Fica essa nossa manifestação, pedindo que os Srs. Vereadores e Sras Vereadoras rejeitem por absoluta incompreensão das finalidades buscadas nesse Projeto de Resolução. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de sua autoria.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, nobres Pares Vereadores e Vereadoras: de fato, a discussão do Requerimento acabou precipitando a discussão de um Projeto, o que eu acho que não ajuda no bom senso e no bom encaminhamento dos Processos desta Casa.

Eu quero aqui recolocar o sentido do Requerimento, mas antes quero fazer um desagravo ao Ver. Raul Carrion. Temos total desacordo com as caracterizações, com todo o respeito, Sr. Presidente, que V. Exª fez aqui sobre a atuação do Ver. Raul Carrion e do uso dos espaços desta Casa. Se um Vereador trabalha, é competente, propõe, ganha a Cidade, ganha a democracia, ganha a cidadania, e eu e a nossa Bancada reconhecemos isso no Ver. Raul Carrion. E todos os espaços desta Casa têm que ser mais usados. O Salão Glênio Peres está sempre fechado, Vereador-Presidente; pode-se fazer uma parceria com a Prefeitura. Este auditório aqui poderia muitas vezes estar recebendo movimentos sociais, mas, burocraticamente, a atual Mesa Diretora o fecha. Mas eu fecho aqui esse debate, o qual nós teremos que fazer na Casa.

Eu quero examinar o que o Ver. Professor Garcia ponderou. O nosso Requerimento quer evitar que esta Casa cometa erros, que seja cerceada a possibilidade de a Casa estar avançando na discussão importante da Lei de Diretrizes Orçamentárias e, na seqüência, do Orçamento. Nós precisamos definir a questão dos Vetos, a nossa posição sobre os Vetos do Prefeito em relação ao Plurianual, para poder incidir sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Estão aqui os funcionários da Câmara. Por exemplo, para a Câmara de Vereadores: um dos Vetos é a uma Emenda importante que visava colocar num anexo as metas e prioridades da Câmara de Vereadores, o que nos permite, na seqüência, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, estabelecer diretrizes de aprimoramento, da qualificação dos funcionários, dos espaços, do jeito de atender à população. Como vamos fazer isso se não decidimos nem opinamos sobre o Veto? E a CEFOR já estar definindo Parecer, tendo que se posicionar sobre o Parecer da Lei de Diretrizes Orçamentárias!

É nesse sentido o apelo que fazemos aos nobres Pares, o Requerimento tem essa intenção. Na seqüência faremos a discussão do Projeto do Ver. Carrion, explicitaremos as divergências ou convergências, como é da democracia, da boa luta política nesta Casa. Então é esta a intenção do Requerimento, Vereador-Presidente: achamos que o mais correto é resolvermos o Plurianual. Nós já mudamos os prazos do Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento, Ver. Ervino. Eu lembro, em função de ser o primeiro ano do novo Governo, que ele tinha dificuldade em apresentar a sua proposta de Plurianual. Nós alongamos os prazos, acabou um prazo sombreando o outro, o que poderá, sim, nos prejudicar na elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Já tivemos prejuízo na elaboração do Plurianual e estaremos prejudicados se não organizarmos a ordem de maneira a favorecer o excelente trabalho que cada Vereador tenta fazer aqui na Casa.

Então, parece-me lógico, parece que o bom senso deve imperar, devemos analisar os Vetos. O Ver. Professor Garcia, que fez o Relatório, propõe derrubar um Veto, aprovar o outro. Com isso libera esta Casa para inclusive construir com os funcionários o que eles vêm reivindicando em relação à Câmara de Vereadores. É uma autonomia, é uma responsabilidade nossa, somente nossa, dos Vereadores. O que vai acontecer, se não analisarmos, é que amanhã fecha o período de discussão na CEFOR, ficaremos devendo aos funcionários, devendo à Cidade, pura e simplesmente por não organizarmos bem o processo da Casa.

Então, queria fazer esse apelo. É essa a intenção do Requerimento, Ver. Sebastião Melo, e não devemos deixar que a disputa legítima do entendimento do uso dos espaços da Semana da Consciência Negra prejudique o andamento dos trabalhos da Casa e da LDO e, na seqüência, prejudique o Orçamento para 2006, prejudique os funcionários e a Câmara de Vereadores. É esse o apelo que faço.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; meus colegas Vereadores e minhas colegas Vereadoras, de uma coisa eu tenho certeza, Ver. Nereu: ninguém vai ganhar no grito, e sim nas argumentações.

O que é que estamos discutindo aqui? Primeiro, quero dizer à Verª Sofia Cavedon, que merece o nosso maior respeito, que não é a primeira vez que se vota nesta Casa um Projeto de Lei através do art. 81. Aliás, o Governo de V. Exª fez jurisprudência nesta Casa, de forma contumaz, em matérias do Executivo, por votar com o art. 81. Então, de plano, vou afastar essa questão.

A Líder do Governo está fazendo Requerimento para votar as PPPs. E aí eu vejo, Ver. Ibsen Pinheiro, uma grande contradição da base do PT. O Governo Federal, através do Presidente Lula, fez aprovar no Congresso Nacional uma lei que teve o apoio de todos os Partidos da base do Governo, especialmente do PCdoB, e esta lei aqui segue praticamente, Ver. Ervino Besson, ipsis litteris a lei federal. Aliás, eu tenho o entendimento - e disse isso ao Prefeito, quando ele discutiu conosco essa matéria - de que desnecessária seria uma lei, porque, por decreto, poderia se resolver isso, mas o Prefeito, em respeito à Câmara, por querer a contribuição da Câmara, pede a votação. O Governo tem urgência disso? Tem sim. Nós sabemos que “o cobertor é curto”; sabemos que há projetos nacionais e internacionais que são projetos de Parcerias Público-Privadas e que o Governo tem intenção, sim, de realizá-los. Então é justo que se peça a votação das PPPs? É justo.

E aí quero falar ao meu amigo, a um Vereador que merece um carinho todo especial, o Ver. João Dib: eu não vou “ensinar padre a rezar missa”, mas, cá para nós, faça o relatório da CEFOR, na LDO, como se nenhum veto houvesse, e são três Vetos. Portanto, se aqui, Ver. Nereu D’Avila, forem derrubados os Vetos, se essa é a preocupação, pois se faça a correção na Redação Final, que é um instrumento legal e regimental que esta Casa tem, ou até de supressão aqui no Plenário.

Eu não vejo, com toda a sinceridade, por que este bafafá. Quer dizer, vamos votar o PPPs, vamos votar os Vetos, vamos enfrentar os outros Projetos; agora, Ver. Dr. Goulart, o que talvez não se queira explicitar é que a Bancada de oposição não quer votar os PPPs, não tem coragem de enfrentar; no Governo Federal eles fizeram aprovar lei federal e deveriam vir aqui e dizer: “Nós somos favoráveis no Brasil e somos contra aqui em Porto Alegre”. Talvez não queiram explicitar isso, e, se não querem explicitar, está bem.

Então, parece-me de singeleza... Acho que essa matéria é importante para a Cidade, não é só para o Prefeito Fogaça, não só é para a base do Governo. A melhor inclusão social não é dar nada de graça para ninguém, é desenvolver o Estado, o Município, a União; e a PPP poderá atrair investimentos para esta Cidade, que precisa de investimentos e saneamento, precisa de moradia, precisa de asfaltamento, precisa de equipamentos para assentar o comércio informal. Eu acho que essa é a questão. Não vejo nenhuma dificuldade. Acho que foi encaminhada, e, portanto, nós devemos proceder. Faça-se justiça.

É preciso gizar que ontem estava estabelecido que se votariam as PPPs, e ficou-se discutindo aqui um Projeto do Ver. Oliboni; todos nós cedemos. Depois, começou a discussão da PPP. O que é razoável, se começou a discussão ontem? É prosseguir a discussão hoje. Então, eu acho que tem razão, tem lógica; nós sustentamos que o Requerimento da Verª Clênia seja votado na sua inteireza e obtenha aprovação. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores que nos assistem nas galerias e pelo Canal 16, quero saudar a todos.

Verª Sofia, eu tenho o maior respeito por todos os Vereadores e principalmente por V. Exª, pela sua luta, pelo seu trabalho, mas hoje V. Exª cometeu um grande equívoco. Quando V. Exª veio a esta tribuna criticar o Presidente da Casa, indiretamente V. Exª criticou o seu próprio Partido, porque, entre os Partidos que participam da Mesa Diretora da Casa, está também o seu, o PT, pois o Ver. Oliboni é o 2º Vice-Presidente desta Casa. Vossa Excelência criticou até o seu Partido, V. Exª cometeu uma grande injustiça com o Presidente da Casa. Existe uma Mesa Diretora que discute os problemas. O Ver. Oliboni está aí do seu lado, e é o 2º Vice-Presidente desta Casa, ele representa o seu Partido.

Ver. Raul Carrion, também acho que V. Exª foi duro demais. Vossa Excelência é um Vereador trabalhador, sem dúvida nenhuma, e tem ocupado espaço aqui. Ontem nós votamos um Projeto cordial, um Projeto da nossa cultura, do Ver. Aldacir Oliboni, que até os jornais destacaram, de uma forma muito ampla, mostraram o Ver. Oliboni passando uma cuia de chimarrão para o Presidente desta Casa, um dia fraterno. Mas, infelizmente, no dia de hoje, parece que as coisas mudaram, parece que estamos num outro Plenário. Acho que não é o caminho, acho que isso não leva a nada. Todos sabemos da responsabilidade que temos em relação à LDO. Temos de votar de uma forma tranqüila. Agora, da forma como está sendo colocado nesta tribuna, não leva a nada.

Vereador, a Casa prestou uma grande homenagem à Semana Farroupilha, V. Exª esteve no Parque Harmonia prestando essa homenagem, e acho que todas as Bancadas estiveram presentes e usaram a palavra no dia, foi uma proposta do Ver. Bernardino Vendruscolo, e V. Exª estava lá também; V. Exª fez uso da palavra. Portanto, essa crítica dura que o Presidente da Casa recebeu foi extremamente injusta, e não fica bem para a Casa, porque esta Mesa Diretora está administrando de uma forma extremamente clara, aberta e democrática; pelo menos é assim que este Vereador entende, pela aproximação que todos nós temos com a Mesa Diretora, pois, quando surgem os problemas, nós procuramos a Mesa e somos atendidos de uma forma muito cordial, Vereador. E aqui não estou inventando nada, não estou puxando para um lado, defendendo uns e criticando outros. Nada disso! Estou colocando a realidade. Quando um Vereador coloca a realidade de uma forma calma, tranqüila e transparente, quem ganha somos nós e a Casa também.

Portanto, fica aqui o registro. Falo em nome da Bancada do PDT. E, como já disse, V. Exª foi muito duro com o Presidente da Casa. A Verª Sofia aproveitou o vácuo da coisa e foi também dura demais, esqueceu que o PT participa da Mesa que dirige esta Casa com o seu Vice-Presidente, o nosso grande colega, Ver. Aldacir Oliboni.

Essas foram as minhas colocações, Sr. Presidente, em nome da Bancada do PDT. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, numa comunidade é muito comum o aparecimento de vários tipos de pessoas: alguns discretos, outros mais salientes, outros mais vorazes. Mas o interessante nessa observação é que a Câmara de Vereadores é um Poder composto de 36 Vereadores, e é inevitável que, nessas coletividades, sejam repartidos os fragmentos desses 36 Vereadores, fragmentos de poder. O que não se quer - e o que o regulamento o faz de uma forma muito sábia - é que não haja igualdade na distribuição dos espaços da Casa, dos espaços de poder, dos espaços físicos, do material da Casa, que devem ser distribuídos equanimemente, igualmente, como se presta para uma Casa em que a democracia, em que o saber repartir são pré-requisitos fundamentais para o contato que se deve ter com a população, com o povo, com os eleitores especialmente, que são os verdadeiros donos deste Poder.

Pois esse Projeto sobre a Semana da Consciência Negra assemelha-se àquela situação nos congressos em que convidam um conferencista, e há sempre a figura do dono do conferencista, aquele que quer monopolizar a inteligência maior, aquele que quer ser, pela sua voracidade, a pessoa que se apropria de todos os espaços.

Então, esse Projeto usa a Semana da Consciência Negra para ocupar todos os espaços da Câmara! Isto tem um nome só: chama-se voracidade, não saber repartir. E, principalmente, acho de uma indelicadeza imensa usar o Movimento da Consciência Negra da cidade Porto Alegre para ter o monopólio do espaço - tanto o espaço físico como o de poder. E essa esperteza, esse querer levar vantagem em tudo é que caracteriza uma geração de políticos que grassou na política brasileira e que, desgraçadamente, está se mantendo. Dessa forma, não há condições de repartir, não há condições de se ter igualdade.

Se um Poder como o nosso, com 36 Vereadores, tem de repartir para 36 Vereadores o seu espaço, ter o monopólio desse espaço faz com que nós saibamos - e hoje é o comentário genérico de toda a Casa - que a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, a CUTHAB, usa mais o espaço da Câmara de Vereadores do que todas as outras Comissões juntas. E eu estou pedindo uma informação, uma pesquisa da Casa nesse sentido, para que haja, nos próximos anos, a redistribuição desse espaço, de forma equânime, para toda a coletividade de Vereadores e, especialmente, para que não se estabeleça, nesta Casa, a figura dos donatários do poder, impedindo que um dos donatários - que todos nós sabemos quem é - seja o detentor do monopólio da Câmara, fazendo uso desta Casa como seu palanque eleitoral perante a comunidade negra.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA (Questão de Ordem): Nós não temos mais encaminhamentos?

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Não, não temos mais.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Se começarmos com encaminhamentos para votar um Requerimento, nós, realmente, não vamos votar nada; teremos de voltar a trabalhar novamente e voltar a pedir a Ordem do Dia por volta das 14h30min ou 15 horas.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Haroldo de Souza, o Requerimento de autoria da Verª Sofia Cavedon. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO por 12 votos SIM, 17 votos NÃO.

Em votação o Requerimento da Verª Clênia Maranhão. (Pausa.)

 

O SR. NEREU D’AVILA (Questão Ordem): Sr. Presidente, com todo o respeito, eu acho que se foram feitos dois Requerimentos ao mesmo tempo, por uma e por outra Vereadora, é óbvio, Sr. Presidente, que, derrotado um, viceja o outro. Isso é claro como o sol.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu gostaria de dizer que, embora seja lógica a formulação feita pelo Ver. Nereu D’Avila, não há votação concomitante de Requerimentos. Apresenta-se um Requerimento, decide-se sobre aquele, vem um segundo, terceiro, quarto, ad aeternum. Esse é o entendimento que está sendo firmado. E, da decisão do Presidente - esta é uma Casa do contraditório, é uma Casa que tem as instâncias recursais -, cabe recurso, evidentemente.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Presidente, decisão que passa a ser firmada a partir deste momento, porque, em vários outros momentos nesta Casa, com clareza meridiana, colocavam-se dois Requerimentos, e ainda se dizia: “Em rejeitando o Requerimento de uma parte, aceita-se o Requerimento da outra parte.” Isso tem acontecido aqui na Casa. Apenas deixo a minha posição.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Fiz a colocação da Mesa de que temos entendido assim.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Questão de Ordem): Vereador-Presidente, apenas corroborando com sua posição, lembro que, como V. Exª não estava no momento do primeiro encaminhamento, o Ver. Nedel explicitou, inclusive, que seria analisado um Requerimento e, posteriormente, o outro.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Parece-me que está claro.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, vou atender ao conselho do meu bom e querido amigo Ver. João Carlos Nedel para que eu não levante a voz, até porque quem tem razão não deve levantar a voz mesmo. Mas, se um dia Cristo se enfureceu e bateu nos vendedores do templo, eu, que não sou Cristo, de repente tenho o direito de ficar um pouco brabo.

Agora, vou perguntar para as sumidades, claro, esses são os que dirigem o Plenário, são os que sabem tudo: eu devo desconvocar amanhã a convocação extraordinária da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul? Já que estamos fora de prazo, eu devo imaginar que o Prefeito não vai ter oportunidade de mandar até o dia 15 de outubro o Orçamento para o próximo ano? Eu acho que devo desconvocar, sim. Porque não existe razão para cinco Vereadores se reunirem fora de hora, buscando solução, para chegar aqui no Plenário e quererem mudar tudo.

Então, eu já perguntei para as sumidades da Casa quanto representaria a PPP se for aprovado o Projeto na forma que está. Eu nem analisei na forma em que está, porque um Projeto dessa importância teria de ser analisado por todas as Comissões ou, no mínimo, no Pedido de Urgência que foi solicitado pela Verª Mônica Leal, que não foi analisado, porque pediram o art. 81. Eu pergunto: alguém sabe o que representaria a PPP para o próximo ano?

Mas lembro aqui, na matéria a ser votada, que o art. 7º - e foi o Ver. Adeli Sell que me chamou a atenção, não vou tirar os méritos de quem os têm -, parágrafo 1º, diz (Lê.): “O contrato só poderá ser celebrado se o seu objeto estiver previsto na Lei do Orçamento Anual.” Eu não vou convocar a Comissão de Finanças - e a Comissão de Constituição e Justiça deu um Parecer brilhante, nem examinou o que disse o Procurador da Casa; brilhante o Parecer, não há óbices -, porque eu acho que a Comissão de Finanças não precisa ser convocada, e, não havendo Orçamento, o que o Prefeito vai votar para o Projeto da PPP? Será que os Vereadores que estão tão apressados para votar o PPP são capazes de me responder quanto é que representa em reais e em que condições ele será feito? O Governo Federal só na semana passada conseguiu levantar os óbices, e ontem eu disse aqui que o Professor Brito, ex-Prefeito da Bahia, Professor da Mackenzie, PhD em Direito Tributário, afirma que, se não tiverem dois bilhões de reais de receitas correntes líquidas, os Municípios não podem fazer a PPP; nesse caso, só São Paulo e Rio teriam condições. Então eu estou aqui buscando dos doutos, dos sábios, dos que insistem, que me digam: se não houver Orçamento para o próximo ano, o que nós fazemos? Nós botamos primeiro a carroça ou conseguimos os burros para puxar a carroça? Eu tenho que saber agora. Eu arrumo a carroça e não tenho os burros para puxar.

Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou me recolher à minha insignificância, ficarei sentado ali no meu lugar, vou olhar os acontecimentos. Mas eu acho que, por seriedade, não devo convocar a Comissão de Finanças amanhã, por mais que tenhamos trabalhado, por mais que o Relator-Vereador Luiz Braz tenha feito um trabalho magnífico, foram pedidas 24 horas para vista, o dia de reunião é terça-feira, e eu acho que deve ser assim: não deve haver convocação extraordinária. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Paulo Odone está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão.

 

O SR. PAULO ODONE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, não vou usar os cinco minutos; ao contrário do Ver. Dib, eu acho que nós estamos querendo apressar e viabilizar, eu vou utilizar trinta segundos para dizer apenas que esse Projeto das PPPs tem urgência, sim.

Há duas semanas o Secretário do Planejamento me pedia que eu cuidasse a Câmara, que eu fizesse um apelo para pudéssemos votar a matéria o quanto antes, porque alguns Projetos do Governo dependem de consultas e de aprovação desse Projeto para começarem a despertar alguns projetos com o interesse de investidores privados. Por exemplo: o que chamam de Camelódromo, que nós chamamos o shopping dos micros.

Muito bem, há pressa, sim, e há interesse do Município e desta Casa em votar. Agora, Ver. Dib, quanto mais rápido nós fizermos e menos discutirmos sobre as sumidades... Podemos apelar para sua sumidade para colaborar e votarmos hoje, em seguida desse Projeto da PPP, os Vetos. É o que estou propondo. Peço, Sr. Presidente, que todos colaborem para nós votarmos assim.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, caros colegas Vereadores, Vereadoras, ao pessoal que está com pressa para votar o Projeto das PPPs, eu pergunto: Vossas Excelências deram uma revisada, ou sabem de cor a Lei Complementar nº 101 do ano 2000? Vossas Excelências leram ou releram a Lei nº 8.987, de 1995? Leram a Lei nº 9.074, de 1995? Vossas Excelências leram a Lei nº 11.079, de 2004? Convenhamos, vamos nos respeitar. Vamos nos respeitar! Para que essa pressa? Nós aprovamos há um ano as PPPs em nível nacional! O Jornal do Comércio do dia 24 de agosto fala que, em quinze dias, vai ser montado o Comitê Gestor. Em nível nacional, não existe ainda o Comitê Gestor!

O Ver. João Dib já citou... Eu vou citar aqui o que diz o Projeto no art. 7º, parágrafo 1º (Lê.): “O contrato só poderá ser celebrado se o seu objeto estiver previsto na Lei de Orçamento Anual”. Caramba! Por que essa pressa? Aqui ninguém é idiota! Aqui ninguém é trouxa! Aqui nós estamos estudando! Aqui há oposição! Aqui eu preciso gritar porque há gente que é surda, não quer ouvir o que está acontecendo nas ruas e nem a respeito dos problemas da Cidade! Quem foi que disse que nós precisamos aprovar PPP para fazer camelódromo aéreo?! Mas o que é isso, gente? Vamos nos respeitar! Vão inventar essa história para outros, não para nós! Em Belo Horizonte a Prefeitura não fez nem convênio! É uma relação direta entre o camelô e a iniciativa privada!

Quais são os Projetos? Vossas Excelências releram a Exposição de Motivos das PPPs? Duas laudas in-com-ple-tas! Essa é a questão! Qual é o objetivo? Não está escrito! Não está escrito na Exposição de Motivos! Leiam-no! Quais os serviços públicos que querem fazer? Não falam! Qual é o valor do fundo? Nenhuma palavra! Nenhuma palavra!

Eu quero dizer que os Srs. Vereadores e as Sras Vereadoras da base do Governo podem aprovar e começar a votar, mas Vossas Excelências não entendem de PPP! Vão enrolar na imprensa, fazer manchete na imprensa, mas Vossas Excelências não sustentam esse debate no povo!

Para fazer um estacionamento subterrâneo é preciso PPP?! Não é preciso! Não é preciso! Uma concessão é suficiente! Então, por que essa pressa? Nós não votamos o Veto do Plurianual, e há problemas no Veto, inclusive problemas legais! E nós vamos discuti-los!

Nós tivemos muita paciência em oito meses, aqui, na oposição: ouvimos, dialogamos, inclusive votamos favoravelmente Vetos que nós achamos que seriam importantes! Não estamos aqui fazendo nenhuma demagogia! Eu desafio: venham para cá, venham para esta tribuna, respondam às perguntas que nós fizemos! Vossas Excelências não têm argumentos! Não têm argumentos! Não há nada escrito na Exposição de Motivos! Foi assim no PPA! Foi assim na LDO! Então, calma! Então, calma! Não quiseram ouvir na conversa, na tranqüilidade, vão ter de ouvir, sim, quando eu levanto a voz, porque agora Vossas Excelências se acordaram. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, este tema está ligado ao tema anterior. Lastimo, profundamente, que não tenha sido aprovado o encaminhamento para nós votarmos, nesta tarde, o Plano Plurianual. Falei que a questão de votarmos o Plano Plurianual é uma questão essencialmente temporal, e volto a reafirmar: como vamos votar a LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, antes de votarmos o Plano Plurianual? Não conseguiremos! E aí eu vou solicitar, de público, Ver. João Antonio Dib, Presidente da Comissão... Hoje foi pedido vista, e V. Exª deu vista por 24 horas, marcou uma reunião extraordinária para amanhã, às 10h30min. Eu pergunto: qual vai ser, amanhã, o objeto de estudo da reunião, em vista de que nós não conseguimos aprovar o Plano Plurianual? Nós não sabemos se as Emendas vetadas pelo Sr. Prefeito continuarão ou não. Então, Ver. João Antonio Dib, talvez a melhor solução seja adiar o encaminhamento, porque realmente ele ficou prejudicado. E eu volto a dizer: daqui a alguns dias, ocorrerá que a LDO irá se conflitar com o Orçamento! Vai-se conflitar com o Orçamento!

Agora, ao mesmo tempo, por que toda essa questão da pressa? O que está acontecendo? Por que esse exagero de nós termos de votar, a qualquer preço, as Parcerias Público-Privadas? Nós ingressamos com duas Emendas para fazer uma discussão, e essa discussão vai ser feita de maneira séria, porque nós queremos algumas garantias de que as futuras empresas que poderão ingressar nessas Parcerias Público-Privadas sejam empresas altamente idôneas, ou seja, na realidade, nós temos de nos municiar para evitar os falsos aventureiros, como já aconteceu - eu falei isso aqui ontem - de estarem, nas contas do Sr. Marcos Valério, 4 bilhões e 900 milhões de reais. Isso dá mais de duas vezes o Orçamento anual do Município de Porto Alegre! Então, eu fico preocupado em saber por que há tanta pressa, eu gostaria de saber quando é que vão vir os projetos aqui para a Casa.

A outra questão, Ver. Elói, é a questão do Plano Diretor. Nós brigamos tanto pelo Plano Diretor, e, de uma hora para outra, o Plano Diretor ficou resguardado para segundo plano. Por que isso? Por que o Governo Municipal não manda os seus planos para cá, para sabermos qual é a visão do Governo, do Prefeito Fogaça, em cima disso? Veja, Ver. Luiz Braz, brilhante Relator da LDO: Vossa Excelência sabe que ficou prejudicada a análise, amanhã, do seu Parecer; inclusive sugeri ao Ver. Dib que cancele a reunião - e V. Exª, como Relator, deve ser o maior interessado - para que a gente possa fazer uma análise diferente disso.

Agora, volto a dizer: eu gostaria de saber o porquê dessa pressa toda de nós...

(Manifestação anti-regimental do Ver. João Antonio Dib.)

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Fico sabendo agora que o Ver. João Antonio Dib já anunciou o cancelamento da reunião amanhã. O Ver. João Dib, como sempre, é um Vereador de bom senso, um Vereador que tem convicção e luta pelas suas idéias. Essa discussão nós vamos fazer nesta tarde, temos esse encaminhamento, daqui a pouquinho, pelo jeito, nós vamos começar a votar as Parcerias Público-Privadas, e gostaria que os Vereadores analisassem essas duas Emendas que nós acabamos de ingressar. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Vereadoras e Vereadores, discutir Requerimento do Requerimento é brabo! A coisa está parada em Brasília, e aqui também está parado, por quê? Se começássemos a Ordem do Dia naquele horário em que eu, de vez em quando, estou aqui, perto das 14h30min, 15 horas; se entrássemos na ordem normal dos Projetos que estão no espelho, por exemplo, o primeiro seria exatamente este, que é o motivo da discussão, o Plano Plurianual... Mas, aí, reúnem-se os Líderes - eu sou do baixo clero, fiquei no canto olhando -, e vem a decisão tomada para toda essa confusão: discutir o Requerimento do Requerimento, quando nós temos aqui Projetos importantes para serem votados.

O Ver. Adeli Sell saiu, mas eu queira dizer para ele que, a partir de hoje, o Ver. Adeli não pode mais dizer que eu sou o “gritão” da Casa, que eu quero ganhar as coisas no grito. Eu justifico por que falo alto: porque é o meu costume, por ser um homem de comunicação, usar voz alta. Agora, ele hoje encheu as medidas, gritou: “que eu faço, que eu aconteço, que ninguém aqui entende nada, que são surdos”. Para quê gritar Adeli? Machuca os tímpanos, acho que vou ter de pedir salário de insalubridade, Ver. Adeli Sell. Não grita, Adeli! E V. Exª vem aqui e diz que eu é que grito; gritou histericamente.

Depois temos, pela ordem do espelho, o Projeto do Ver. Sebastião Melo que dispõe sobre a proibição do uso de materiais, elementos construtivos e equipamentos da construção civil, constituídos de amianto. Projeto importante! Há o Projeto do Ver. Alceu Brasinha sobre a permissão de uso de recuo e sobre o horário permitido a bares na Cidade Baixa. Os moradores da Cidade Baixa estão querendo que a gente vote essa bronca dos bares, todos querem que votemos, tanto os moradores quanto os proprietários dos bares, ou nós vamos deixar para votar tudo de afogadilho no final do ano? Sem querer já estava falando alto, Ver. Adeli, mas é o meu costume, é a minha maneira de ser lá no rádio, mas eu vou falar baixinho a partir de hoje, porque, a partir de hoje, V. Exª, Ver. Adeli Sell, é o dono absoluto da “esquadrilha dos gritões”. Numa boa!

Nós temos aqui um Projeto importante do Ver. Nedel que proíbe o uso de produtos fumígenos em recintos fechados de uso público no Município de Porto Alegre. Se ele vai ser aprovado, eu não sei; se vai ser obedecido, também tem isso. Sabe que eu sou muito transparente, eu não sei se vou deixar de fumar pelos corredores da Casa. Numa boa, eu sou assim!

Há um Projeto importante da Verª Margarete Moraes sobre o Código de Edificações de Porto Alegre, obrigando a utilização do tapume para apresentação do projeto arquitetônico da obra ou suporte para expressão artística. Projeto importante! Agora, discutem o Requerimento do Requerimento! Outro, do Ver. Nereu D’Ávila, que normatiza o funcionamento dos estacionamentos de shopping centers; Projeto importante, gente! Outro, de minha autoria, que assegura aos idosos com mais de 60 anos de idade - não arrumam emprego a partir de 40 anos, imaginem aos 60 anos - entrada de graça nos eventos esportivos. Projeto importante! Outro, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre a garantia de vagas em creches e estabelecimentos escolares e pré-escolares municipais. Projeto importante! Mas discutem o Requerimento do Requerimento! Vossas Excelências querem me enlouquecer!

Outro Projeto, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que implanta o serviço de Ecografia Obstétrica no Sistema Único de Saúde. Projeto importante, gente! Projeto de autoria da Verª Maria Celeste que proíbe a cobrança de consumação mínima ou consumação obrigatória em bares, boates, danceterias, casas de show e similares no Município de Porto Alegre. E nós discutimos o Requerimento do Requerimento! Por favor, vamos trabalhar gente! Qual é?

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento da autoria da Verª Clênia Maranhão.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores e Vereadoras, em primeiro lugar, Ver. Dib, queria chamar a atenção de que nem tudo está perdido, porque, se nós rejeitarmos esse Requerimento, voltará à ordem normal dos trabalhos na Ordem do Dia, que começa com a votação do Veto ao Projeto do PPA. Então, todo mundo que acha que é importante o Orçamento desta Cidade, que acha que é importante uma LDO correta, que depende de uma PPA consolidada, aceito ou rejeitado o Veto, tem uma oportunidade ainda. Aí, disseram muito bem V. Exª e o Ver. Adeli: o PPP, para ser aplicado, precisa constar na Lei Orçamentária Anual. Nós nem votamos a LDO, e está se colocando a votação do PPP antes! Então, realmente, não dá para entender.

Outra coisa, Ver. Sebastião: é simplismo dizer que existe uma lei de PPP federal e que, então, nós não precisamos discutir o PPP aqui. A federal é uma, a estadual é outra, e a municipal é outra! Agora, como esta Casa vai votar uma lei da importância do PPP só passando na CCJ, só vendo a legalidade, não discutindo nas Comissões o conteúdo? Então, evidentemente, é descabido.

Eu queria também referir que, pelo outro Requerimento - não significa avidez de ninguém -, a Casa disponibilizaria espaço para a Semana da Consciência Negra, é isso somente.

Eu queria também dizer, Sr. Presidente, conforme o art. 94, parágrafo 1º, alínea f, que diz sobre o tempo especial de no máximo cinco minutos para a manifestação de Vereador quando atingido em sua honorabilidade, que eu teria jus a isso, mas, como aqui diz que é a critério do Presidente, e foi V. Exª que, de forma, no meu entender, desrespeitosa, desqualificada, agrediu este Vereador, eu não vou solicitar esse tempo especial.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu gostaria que V. Exª se ativesse à matéria que está sendo encaminhada. Essa é uma questão regimental.

 

O SR. RAUL CARRION: Mas V. Exª fez acusações a este Vereador.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Vossa Excelência está desviando.

 

O SR. RAUL CARRION: Desviando da matéria também, Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Vossa Excelência tem de se ater à matéria objeto do encaminhamento.

 

O SR. RAUL CARRION: Eu não vou requerer esse tempo especial, mas quero dizer que repudio com veemência as afirmações de Vossa Excelência. Espero que V. Exª ....

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Atenha-se à matéria em encaminhamento.

 

O SR. RAUL CARRION: Para concluir, então, eu queria dizer que é preciso que esta Casa derrote este Requerimento para que nós voltemos à ordem normal dos trabalhos na Ordem Dia, que agora é a única alternativa, e possamos votar o Veto ao Projeto do PPA: condição sine qua non para aprovar a LDO; condição sine qua non para aprovar a Lei Orçamentária Anual; condição sine qua non para que a Lei do PPP possa ser aplicada. Então por que colocar a votação do PPP antes?

Por último, como aqui, no exame dessa matéria, foi levantado que a CUTHAB, que eu presido, tem usado os espaços da Casa, eu quero esclarecer que, em oito meses, o Plenário Ana Terra foi utilizado apenas seis vezes por essa Comissão. E digo mais: desde abril só tivemos reunião no Plenarinho Ana Terra duas vezes. E lembro aqui que a Verª Neuza Canabarro teve que ameaçar de fazer uma Audiência Pública no estacionamento para que fosse conseguido um espaço. E eu tenho tido que reunir a CUTHAB fora desta Casa, tenho usado o auditório da Caixa Econômica Federal, tenho usado o auditório da Fecosul, tenho reunido na comunidade. Neste mês não usei um único espaço nobre da Casa, teria para usar na próxima terça-feira, mas entreguei para o Ver. Ervino Besson, porque ele já tinha usado uma vez e estava convidando, com os convites na rua, para a segunda vez. E eu disse: “Ver. Ervino, depois de discutir com os demais Vereadores da Comissão, nós vamos lhe ceder.” Então, é uma inverdade o que está se dizendo. Se a CUTHAB está trabalhando bem, e orgulho-me e tenho certeza de que os demais Vereadores se orgulham, isso não é motivo para que esta Comissão não tenha espaços na Casa para se reunir, como está acontecendo atualmente, obrigando a nos reunir nas comunidades ou em entidades de outro tipo, que nos abrem as suas portas, porque esta Mesa não está autorizando o uso dos espaços nobres para a Comissão. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Não há mais quem queira encaminhar. (Pausa.) Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Haroldo de Souza, o Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 18 votos SIM, 10 votos NÃO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. N. 4356/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 010/05, que dispõe sobre o Programa Municipal de Parcerias Público-Privadas. Com Emendas nos. 01 a 09.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Paulo Odone: pela inexistência de óbice de natureza jurídica ao Projeto e às Emendas nos. 01 a 07.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 27, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia, por força do art. 81 da LOM, em 19-09-05;

- discutiu a matéria o Ver. A.Sell, em 21/09/05.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em discussão o PLE nº 010/05. (Pausa.) O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há um Requerimento de adiamento de discussão.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): São Emendas? Há Emendas aqui... Há Requerimentos, sim, mas foi aprovado o Requerimento da Verª Clênia Maranhão, é esse o objeto do Requerimento, e será votado. Isso é o óbvio. Foi aprovado o Requerimento da Verª Clênia Maranhão para que se vote o Projeto, agora submeter o Requerimento...! Que outros Requerimentos? Está aprovado. Se fosse derrotado, Verª Sofia Cavedon, aí, evidentemente, se submeteria.

 

 A SRA. SOFIA CAVEDON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com licença de V. Exª, o Requerimento é de outra natureza. O Requerimento entregue, da Verª Manuela, é um Requerimento de adiamento de discussão, e, pelo que entendo do Regimento, ele tem de ser analisado.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Verª Sofia Cavedon, foi aprovado o Requerimento da Verª Clênia Maranhão para que se vote o presente Projeto, logo não cabe... Analisar o quê? Eu asseguro a palavra ao Ver. João Antonio Dib.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não desejo discordar do meu querido Presidente, eu estou na tribuna e gostaria de usar a palavra, mas acho que o Requerimento de adiamento pode ser feito, sim; a qualquer momento da discussão, pode-se fazer um Requerimento.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, meus senhores e minhas senhoras, eu falo com muita tristeza, eu sou um homem que gosta deste Município, que ama esta Cidade, eu gosto da Administração, pertenço à situação. E sei que Partido é idéia, programa, ação e disciplina, mas é também seriedade, é também competência, e eu não posso declarar aqui a minha incompetência e votar incompetentemente. Então, eu analiso sem maiores preocupações, eu apenas leio, nem analiso, deixo que os que me ouvem façam a análise? Nós temos um Projeto de grande importância que pode criar empregos no Município, sim, e eu fiz uma pergunta que ninguém sabia responder - e já vou dizer: nós podemos usar cerca de quinze milhões de reais por ano. E o art. 7º diz que esses quinze milhões de reais deveriam estar consignados no Orçamento para que pudessem ser usados. “O contrato só poderá ser celebrado se o seu objeto estiver previsto na Lei do Orçamento Anual.” Não há.

E ainda digo mais: eu chamei a atenção dos Vereadores nesta tribuna para que lessem o Diário Oficial do dia 6 de setembro, quando o Prefeito colocou ali as suas intenções para elaborar o Orçamento, pedindo que os seus Secretários fornecessem os dados necessários. Eu não vi ninguém comentar, a não ser hoje à tarde, quando eu vi servidores com o Diário Oficial na mão, mostrando os dados. Até então não tinha visto ninguém.

O Procurador Dr. Velasquez chamou atenção, no seu Parecer, ao art. 12, inciso III, que diz: “... a cessão de crédito do Município e de entidades da Administração Municipal, excetuados os relacionados a impostos.” Ele acha que esta expressão aqui está inconveniente. Não sei se sabem os que vão votar... Vou votar para a situação? Vou, mas fica criado o Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas do Município de Porto Alegre, cuja composição e regulamentação será estabelecida por decreto. O Prefeito vai fazer um decreto no ano que vem ou neste ano, não sei quando. Mas o Governo Federal levou nove meses, está no Jornal do Comércio de hoje, levou nove meses.

Bom, adiante diz (Lê.): “É 1% da receita corrente líquida do exercício e as despesas mais dos contratos vigentes nos dez anos subseqüentes que não excedam a 1% da receita corrente líquida projetada para os respectivos exercícios.” O art. 20 diz (Lê): “Fica o Poder Executivo autorizado a instituir fundo de garantia da Parceira Público-Privada municipal abrangendo a Administração Direta e Indireta, que terá por finalidade prestar garantia de pagamento das obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos municipais em virtude das parcerias de que trate esta lei.” Bem, o Governo Federal criou um fundo com 4 bilhões e 200 milhões de reais e vai elevar para 6 bilhões. Se alguém me explicar como é esse fundo, eu voto a favor. Até esqueço o resto que está aqui, que vou ler agora.

E quero ver quem é que sabe, no Plenário, o que é este parágrafo aqui (Lê): “Aplica-se ao fundo, no que couber, o disposto nos arts. 16, 17, 18, 19, 20 e 21 da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004.” Eu duvido que tenha neste Plenário alguém que saiba o que é. E esclareço mais: se olharem o Processo, a lei está ali incluída, dá para ler os artigos. Mas eu duvido que alguém saiba o que é essa autorização que está sendo dada.

Portanto, é importante sim, e eu acho tão importante, que havia solicitado à Verª Mônica Leal que pedisse urgência. E, na solicitação de urgência, nós teríamos um parecer analisado coletivamente pelas Comissões. O que nós temos aqui é um parecer, e eu não discordo da competência da pessoa que o deu, mas é muito simples, diz que não há óbices, apenas isso, não há óbices. Mas se tem mérito, não tem mérito, se tem condições ou não tem condições, se tem ou não orçamento para fazer, sobre isso as outras Comissões deveriam dizer. Eu acho que não há óbice, mas algumas coisas deveriam ser concertadas aqui. Portanto, eu me nego a votar esse tipo de Projeto nas condições em que está sendo proposto aqui e agora. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Apregoamos a Emenda nº 10, a Emenda nº 11, a Emenda nº 12, a Subemenda nº 01 à Emenda nº 04, a Subemenda nº 01 à Emenda nº 05 e a retirada da Emenda nº 09, todas referentes ao PLE nº 010/05.

Temos em mãos quatro Requerimentos solicitando o adiamento de discussão do Projeto em pauta: por duas, três, quatro e cinco Sessões.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, faria um apelo aos Vereadores para que houvesse apenas um Requerimento de adiamento. Não há sentido, não estaríamos mostrando para a população que estamos preocupados com a solução, estaríamos mostrando que estamos apenas procrastinando. Faço o apelo para que seja um só, não sei se para o adiamento de uma, quatro ou cinco Sessões, não me importa, mas que seja um só Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação o Requerimento de autoria da Verª Manuela d’Ávila que solicita adiamento de discussão e votação por duas Sessões do PLE n° 010/05. (Pausa.) A Verª Manuela D’Ávila está com a palavra para encaminhar como autora.

 

A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós todos estamos vendo no dia de hoje as tantas polêmicas que temos, Ver. João Dib, com relação ao tempo necessário para o debate do Projeto das Parcerias Público-Privadas. Ouvimos aqui o argumento de que esse tema já foi debatido no Congresso Federal, de que os Partidos do Governo Federal já aprovaram coisas dessa natureza em Brasília, e tantos outros argumentos, o que para mim, na minha opinião, como Vereadora pela primeira vez, comprova a necessidade de debatermos profundamente essa questão, de todos os Vereadores terem o tempo necessário para ler, reler e construir. Sabemos também que não há tanta urgência, uma vez que há a necessidade, para que sejam implementadas de fato as PPPs aqui no Município de Porto Alegre, da aprovação da LDO e do Plano Plurianual nesta Câmara de Vereadores.

Nós, Vereadores, hoje temos feito debates em relação a Projetos que vêm de uma hora para outra, Projetos que são relevantes e polêmicos, Ver. João Dib, como é o caso do Projeto do Ver. Brasinha: fizemos um amplo debate sobre o Projeto dos bares. Postergamos a sua votação e, num acordo entre a Mesa e as Lideranças, inclusive com o autor do Projeto, concordamos que, por se tratar de um Projeto de tamanha relevância, criaríamos espaço para o debate na nossa Cidade.

Ora, o Projeto dos bares é mais importante do que as PPPs? O que significam as Parcerias Público-Privadas para o nosso Município, Ver. Nereu D’Avila? São menos importantes do que as mesas nas calçadas? Ora os Vereadores tratam com uma regra; ora tratam com outra regra. Para que tanta pressa? Eu entendo algumas das necessidades das Parcerias Público-Privadas, não foi a troco de nada que o meu Partido - eu concordo com essa sua posição - aprovou as PPPs em Brasília, mas para que tanta pressa? Por que não criar espaços para debate? Por exemplo, eu acho que, para PPPs de muita relevância, nós temos que chamar a sociedade para debater! Nós não vamos nem debater entre nós? Que tipo de parcerias vamos construir neste Município para Educação, para o uniforme escolar, como o José Serra quer construir?

Eu quero debater esse tema, assim como propus e aceitei - repito - o debate da Mesa Diretora desta Casa com os Líderes de Bancada para fazermos mais debates e amadurecermos o tema sobre as mesas nas calçadas. Não podemos ter dois pesos e duas medidas. Projetos com relevância tão grande para o Município de Porto Alegre, com significado político tão grande como são as Parcerias Público-Privadas não podem ser trabalhados na forma do rolo compressor. Nós, da Bancada do Partido Comunista do Brasil, não aceitamos que coisas de tanta importância sejam tratadas na patrola de quem quer que seja. Nós sabemos que todos aqui fomos eleitos para debater, construir e responder às demandas do Município de Porto Alegre. Vamos querer debater, sim.

E mais: vamos postergar por quantas Sessões os Vereadores entenderem necessário. O nosso Requerimento é para duas Sessões, apenas até a próxima quarta-feira, e nós já estamos há dois meses debatendo as mesas nas calçadas! Quarta-feira é muito perto para definirmos as Parcerias Público-Privadas no Município de Porto Alegre. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

 O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Manuela d’Ávila.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público presente e assistência do Canal 16, venho aqui para defender o Requerimento de adiamento desta votação, pelos argumentos muito bem postos aqui pelo Ver. João Dib, pela Verª Manuela d’Ávila, pela Verª Sofia Cavedon, pelo Ver. Professor Garcia e pelo Ver. Raul Carrion.

Quero dizer aos nobres Pares que acompanho esse debate sobre as PPPs desde 2002. Estive em outros países como Japão, África do Sul, na Rio+10 - foi o ponto alto também do debate -, estive na América Latina, na Europa, e em todos os lugares esse é um tema novo, um tema profundo e delicado. Teve início no Governo Federal anterior o debate sobre as PPPs, tema sobre o qual eu me levantei e fiz oposição. E fiz oposição também ao meu Governo, ao Governo Lula, particularmente em relação às questões relativas à água e ao saneamento. Minha posição é pública, está na revista Bio, da ABES, em várias matérias, em vários jornais. Nós fizemos esse debate porque a matéria é muito complExª Estive também, a convite do Ministro Tarso Genro, na época em que era Coordenador do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em São Paulo, porque eu tinha uma posição contrária e fui defendê-la numa reunião do Conselho, em que havia os 120 membros do Conselho, absolutamente todos os representantes estavam lá. O meu debate foi com o Ministro Guido Mantega, que na época era o Ministro do Planejamento do Governo Lula, ele era defensor da PPP, e nós estávamos lá para defender um outro ponto de vista.

Quero dizer que não podemos tratar essa questão de forma tão pronta e acabada e nem de forma dogmática, porque é um tema delicado e importantíssimo para muitos setores da economia. Talvez a PPP venha produzir efeitos desejáveis e benéficos, e um dos setores para o qual eu tenho a opinião de que deveria ter PPP é o da Habitação, ali a considero muito bem-vinda, porque há um déficit extraordinário e porque as pessoas, ao invés de pagar aluguel - pouco importa que elas paguem, mas alguém que venha fazer investimento, é natural, importante, quanto mais investimento tiver para o setor, melhor... Mas em outros setores as PPPs são completamente indesejáveis; por exemplo, o setor de água e saneamento. Nós temos provas de que as obras, os empreendimentos feitos em PPP custam pelo menos o dobro, em comparação, se feitos pelas companhias municipais e estaduais. Então, não é qualquer coisa, não pode ser votado no afogadilho. Não podemos atropelar o processo, porque o tema é relevante. É matéria importante, sim, para o Brasil e para o desenvolvimento, mas, mais do que isso, nós não podemos, açodadamente, sem o conhecimento profundo, atropelar o processo.

É por isso que nós fizemos um conjunto de Emendas. Na nossa Bancada, a Verª Margarete Moraes produziu uma Emenda retirando a água e os serviços correlatos desse Projeto de PPP, e essa Emenda tem de ser aprovada. Assim como nós produzimos três Emendas também importantes, uma delas trata de casos de Parcerias Público-Privadas que devem estar subordinados a plebiscito público, pois são ações pontuais, significativas e de largo impacto na sociedade, em especial, em se tratando da nossa Cidade. Produzimos uma Emenda, também, afastando a cobiça dos interesses sobre os serviços públicos tais como coleta de lixo, destino final de resíduos, serviço de saneamento, afastamos a Carris e a Procempa de serem alvo e Projetos de PPPs. Porque, Verª Neuza Canabarro, está provado que o público pode fazer melhor e pela metade do preço. E ainda nós produzimos Emendas que tratam de outros temas correlatos e importantes.

Nesse sentido é que vimos fazer o apelo para que adiemos esse debate para o número de Sessões solicitadas no Requerimento, para que todos possam aprofundar o tema, Ver. Brasinha, porque um tema de tamanha relevância não pode ser atropelado, sob pena de sermos cobrados no futuro pelas atitudes que tomamos apressadamente, o que não devemos fazer, porque temos de ter o tempo necessário para a maturidade. E digo mais: se as nossas Emendas forem acatadas no debate, nós podemos votar, até em consenso, o conjunto do Projeto, já que é sabido que há um movimento dominante do Governo para que ele seja aprovado. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Manuela d’Ávila.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu acho muito importante que as pessoas que estão acompanhando os trabalhos do Parlamento nesta tarde e os porto-alegrenses que nos acompanham pela televisão entendam perfeitamente o que está acontecendo nesta Câmara desde o dia de ontem. Eu queria dizer que a Câmara Municipal de Porto Alegre discute um dos mais importantes Projetos para o desenvolvimento de Porto Alegre. Eu queria dizer às senhoras e aos senhores que, desde o mês de janeiro, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, cumprindo a sua proposta de debate plural, tem discutido com a sociedade porto-alegrense, com os principais agentes econômicos, com as comunidades uma proposta de um Projeto de Lei chamado PPPs - Parcerias Público-Privadas. Inclusive é um Projeto de Lei aprovado pelo Governo Federal. Do mês de janeiro ao mês de julho, a Prefeitura de Porto Alegre travou diálogo com a sociedade porto-alegrense, discutiu e incorporou sugestões; e, no mês de junho, depois de um amplo debate, o Prefeito José Fogaça trouxe o Projeto de Lei pessoalmente a esta Casa e o entregou para o conjunto das Bancadas, iniciando, com este Parlamento, uma discussão sobre as Parcerias Público-Privadas para o nosso Município.

É importante que os porto-alegrenses entendam que essa lei é um instrumento fundamental para alavancar o desenvolvimento da Cidade. As possibilidades de Parcerias Público-Privadas são fundamentais neste momento de crise do Estado brasileiro e de dificuldades econômicas por que passam as áreas públicas. O Projeto do Executivo, que está tramitando nesta Casa, é fundamental para a captação de recursos, para o desenvolvimento da Cidade, para a geração de renda e, inclusive, para a captação de recursos internacionais.

Inexplicavelmente, ou talvez possamos até compreender, a Bancada do Partido dos Trabalhadores e, para a nossa surpresa, hoje, a Bancada do PCdoB começaram a estabelecer manobras regimentais subseqüentes, tentando evitar a votação de um Projeto importante para o povo de Porto Alegre, para a cidade de Porto Alegre, para o desenvolvimento de Porto Alegre. É disso que se trata! Essa realidade, essa verdade incontestável tem que ser conhecida pelo povo de Porto Alegre. Ontem se preferiu discutir aqui, a tarde inteira, quantos graus tinha que ter a água do chimarrão e boicotou-se, sistematicamente, o avanço de um debate democrático, a discussão de um Projeto que vai garantir as Parcerias Público-Privadas, o investimento, o desenvolvimento, a geração de emprego e o crescimento da Cidade. Qual será a razão? Por que será que a Bancada do Partido dos Trabalhadores está boicotando esse Projeto? É tão forte, tão aberto o boicote feito aqui pelas Lideranças, que, no dia de ontem e no dia de hoje, atrapalharam os trabalhos, boicotaram, usaram todas as manobras regimentais para a não-aprovação do Projeto dos PPPs. Poderíamos até imaginar se não é exatamente para boicotar o desenvolvimento, para boicotar uma política de crescimento de Porto Alegre, quando, na verdade, foram incapazes de criar uma política de atração de investimentos, de geração de renda para Porto Alegre.

Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, se as suas gestões durante dezesseis anos não foram capazes de atrair investimentos, geração de renda, crescimento; pelo contrário, expulsaram empresas como, por exemplo, dezenas de empresas de tecnologia de ponta para as cidades da Grande Porto Alegre; se não foram capazes de deixar aqui a construção de uma política de desenvolvimento para os pequenos e médios empresários, para a criação de um Refis, pelo menos tenham, com a cidade de Porto Alegre, o compromisso de não procurar boicotar as gestões que, de uma forma plural, desenvolvimentista, ousada, procuram construir as parcerias necessárias para o crescimento da Cidade. Eu espero que V. Exas. reflitam, acabem com essa posição, que é mesquinha diante dos interesses e das necessidades da população da Cidade.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Apregôo a Emenda nº 13, de autoria da Verª Manuela d'Ávila, ao PLE nº 010/05 (Lê.): “Substitui no art. 14 a expressão ‘por Decreto’ pela expressão ‘em Lei específica’”.

O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria da Verª Manuela d'Ávila.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, quero dizer, Verª Clênia, que, com toda a sinceridade, não tenho a mínima intenção de boicotar, mas quero discutir. Se V. Exª entende que eu estou boicotando, não é essa a minha intenção, inclusive faço questão de ler as Emendas que apresento, para mostrar a preocupação que este Vereador e o nosso Partido têm, na garantia de cercear algumas preocupações, porque, quando a amplitude do Projeto é muito grande, nós podemos dar tudo e não sabemos o que estamos dando para o Prefeito. Então eu faço essa distinção porque, na realidade, o que me preocupa é o porquê de tanta pressa.

Claro que o Prefeito veio aqui. E eu volto a dizer: quero saber, por exemplo, qual é a dotação, o que está previsto para isso em termos de verba. Não vi. Gostaria que fosse esclarecido: “Olha, o nosso Partido, ou o Governo Fogaça, tem a proposição de investir ‘x’ milhões nas Parcerias Público-Privadas” Não vi, não sei, mas vou querer saber. Outra solução: há poucos dias no próprio Plano Plurianual e, agora, na LDO, por exemplo, veio: “Verba de suplementação: 10%”. Sorte que o Ver. Luiz Braz acolheu a nossa Emenda, nós propomos 4% - o Ver. Luiz Braz acolheu -, porque a preocupação é que nós, como Vereadores, não podemos abrir mão de legislar. Então, na realidade, o que nós queremos? É a discussão.

Eu lerei o que nós estamos propondo. Emenda nº 11 diz que as empresas para concorrerem na Parceria Público-Privada deverão (Lê.): “I - Demonstrar, através de documentação legal, que não é devedor de tributos municipais, estaduais e federais, bem como dívidas trabalhistas, além de comprovar capacidade econômico-financeira para a execução do contrato”. É uma preocupação que nós temos, porque, daqui a pouco, criam-se - espero que não aconteça, com a nossa Emenda aprovada não acontecerá - pequenas empresas que podem dizer que estão habilitadas, mas que, na realidade, não têm todos esses quesitos. O que estamos procurando facilitar nesse processo? Ora, empresas idôneas que possam trazer grandes contribuições para Porto Alegre. Porto Alegre merece! Como também a Emenda nº 10, por exemplo, em que colocamos (Lê.): “I - Inclua-se a expressão ‘e outras atividades exclusivas de Estado, serviços de julgamento de recursos administrativos e serviços jurídicos’...”. Por exemplo, estamos discutindo a própria questão da Guarda Municipal, e daqui a um pouquinho, não sei, o Prefeito pode estabelecer que pode se fazer uma Parceria Público-Privada na questão das guardas municipais. Por meio dessa nossa Emenda, não será possível, porque isso é uma função de Estado. Então, na realidade, quero trazer essa colaboração para os Srs. Vereadores e as Sras Vereadoras e mostrar que queremos, sim, é colaborar para o debate. O que não queremos e não entendemos é o afogadilho.

Foi apresentada aqui a questão de encaminhamento: por duas Sessões, três, quatro Sessões; sabemos como se dá esse processo. Até o próprio Ver. Ibsen Pinheiro reapresentou uma Emenda, que está tramitando, e, oportunamente, não irão ocorrer mais - é também o meu entendimento - essas pequenas distorções para procrastinar o processo. Mas, enquanto o processo permite, é direito legítimo de quem postular, e volto a dizer: esta Casa é a Casa do contraditório, é a Casa que faz a dialética das diversas visões. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação nominal a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) São 09 votos SIM, 04 votos NÃO. Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h48min.)

 

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